Folha de S.Paulo

Até governador­es democratas aliviam medidas nos estados americanos

- Rafael Balago

WASHINGTON À medida que o fim do inverno se aproxima nos Estados Unidos, várias cidades e estados, em especial os governados pelo Partido Democrata, estão deixando restrições impostas para conter a Covid-19 para trás.

Desde o início da pandemia, o país vive um cenário de politizaçã­o do combate à crise sanitária. De modo geral, democratas defendem mais cautela, enquanto republican­os se posicionam contra restrições.

Conforme as regras vêm sendo flexibiliz­adas, lugares sob o comando do partido do presidente Joe Biden vão se aproximand­o da realidade de estados governados por republican­os, onde muitas restrições se encerraram ainda no ano passado ou nem chegaram a ser estabeleci­das.

Nesta terça-feira (15), Washington suspendeu a exigência de que estabeleci­mentos peçam o comprovant­e de vacinação dos frequentad­ores de restaurant­es, academias e outros locais de lazer. E o uso de máscaras em lugares fechados não será mais cobrado a partir de 1º de março —com algumas exceções, como em escolas e no transporte público.

Ao anunciar a medida, a prefeita democrata Muriel Bowser disse que a exigência do imunizante já cumpriu sua função —mais de 93% dos moradores do Distrito de Columbia tomaram ao menos uma dose da vacina; o índice nacional está na casa de 76%.

Também nesta terça, a Califórnia passou a permitir que vacinados deixem de usar máscaras em alguns ambientes fechados. Na semana passada, o estado de Nova York retirou a exigência de máscaras em lugares públicos, mas deu autonomia acada cida depara acionar ou suspender medidas. Chicago, emIll in ois, anunciou planos de encerrar a obrigatori­edade da proteção facial e do comprovant­e de vacinação no fim do mês.

Decisões semelhante­s foram tomadas em Nova Jersey, Connecticu­t, Delaware e Oregon.

Em estados republican­os, como Flórida, Iowa, Oklahoma e Texas, o cenário é diferente. Não há cobrança de máscara ou vacinação, eleis estaduais proíbem empresas, escolas e outros locais de exigirem comprovant­e de vacinação ou uso de proteção facial.

Cada estado e cidade tem autonomia para decidir suas regras. Uma determinaç­ão nacional exige o uso de máscara apenas nos transporte­s coletivos, como ônibus, trens e aviões, assim como em instalaçõe­s do governo federal.

Na capital americana, anovar ot in aéan darcom o rosto liv repelas ruas ecolocara máscara ao entrar em estabeleci­mentos fechados. O passaporte de vacina passou a ser exigido em 15 de janeiro. A cobrança pelo comprovant­e de imunização é frequente, mas em ao menos duas ocasiões, garçons solicitara­m o passe a este repórter mas, instantes depois, dirigiram-se a outras mesas e pareceram se esquecer de olhar o documento.

Em jogos de hóquei e basquete, funcionári­os fiscalizam as arquibanca­das. À distância, apontam uma luz forte no rosto de quem está sem máscara até que ela seja recolocada —só pode ficar sem quem estiver comendo ou bebendo.

Rafael Meza, professor de infectolog­ia da Universida­de de Michigan, avalia que é difícil estabelece­r métricas precisas para decidir quando retirar as medidas, mas que essa análise precisa ser feita sempre em âmbito local, já que, dentro de um mesmo estado, pode haver condições bem variadas de uma região para outra.

Para ele, o relaxament­o das medidas quando o número de casos diminui é uma boa ideia para deixar claro que as restrições serão usadas só quando for realmente necessário. “As pessoas estão cansadas, e é importante que elas não sintam que as restrições impostas nunca mais serão retiradas”, diz. “Precisamos explicar melhor o porquê das decisões de colocar medidas e de retirá-las. A disparidad­e de ações entre os estados, além de ser confusa, também erode a confiança do público.”

Já o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), de responsabi­lidade federal, considera as liberações prematuras. “Agora não é o momento”, alertou a diretora Rochelle Walensky.

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