Às vésperas do verão, relaxamento de europeus se dá entre otimismo e cautela
MILÃO Na Itália ena Espanha, o uso de máscaras ao ar livre não é mais obrigatório. Na Áustria, estudantes se preparam par aficar sema proteção dentro das salas de aula. Na França, comer pipoca na poltrona do cinema volta a ser permitido. Na Noruega, boates podem funcionar com casa cheia e sem máscara
Dos mais rigorosos aos mais liberais, os países da Europa anunciaram nos últimos dias o relaxamento das restrições implementadas para conter a quarta onda de casos Covid-19, que bateu recordes nos últimos devidoàal ta transmissibilidade da variante ômicron.
“A pandemia não é mais uma grande ameaça à saúde para a maioria de nós”, declarou o premiê da Noruega, Jonas Gahr Stoere. Os nórdicos estão no grupo de países mais ousados. Além de Noruega e Dinamarca, a Suécia segue caminho parecido e anunciou até limitação de testes gratuitos a grupos mais vulneráveis eque apresentem sintomas.
O premiê britânico, Boris Johnson, anunciou a intenção de antecipar o encerramento das medidas anti-Covid do fim de março para o fim deste mês. Na Holanda, o ministro da Saúde Ernest Kuipers disse nesta terça que o país reabrirá setores como o de bares e restaurantes na sexta, “alegremente numa nova fase”.
Mesmo os mais comedidos ensaiam uma virada de página. Às vésperas do aniversário de dois anos da descoberta do primeiro caso de contaminação comunitária na Itália, o ministro da Saúde proclamou o início de “uma nova temporada da Covid”.
A Itália tem 82% da população com o primeiro ciclo de vacinação concluído, e 61% dos habitantes estão imunizados comado sede reforço. Na semana passada, o governo liberou, além da circulação ao ar livre sem máscaras, a reabertura das casas noturnas —com capacidade de público reduzida e somente para os vacinados ou curados.
Pelos números oficiais, o pior, em termos de disseminação, parece mesmo ter passado. Segundo dados do Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), o pico de novos casos desta quarta onda foi na última semana de janeiro.
O levantamento abrange dados oficiais de 30 países europeus. Entre 24 e 30 de janeiro, o índice de casos nos 14 dias anteriores atingiu 3.728 ocorrências por 100 mil habitantes, depois de subir por seis semanas seguidas. No começo de fevereiro, a incidência caiu para 3.509/100 mil, e a previsão é de que chegue a 1.418 /100 mil nesta semana.
Já o número de mortes permanece estável há 11 semanas. No início de fevereiro, o índice foi de 51,2 por milhão de habitantes ante 49,2 por milhão no começo de janeiro.
O centro descreve o cenário epidemiológico geral da Europa como “altamente preocupante”, apesar das quedas. “Ainda vemos uma intensidade sem precedentes de transmissão comunitária”, afirma Anastasia Pharris, especialista em doenças infecciosas do ECDC. “A vacinação continua sendo o elemento-chave.”
Sem comentar as decisões de cada governo nos últimos dias, ela diz que as intervenções devem ser adotadas conforme as circunstâncias locais e as recomendações do ECDC.
O problema é que há disparidades entre os 30 países monitorados. No mais recente relatório, 8 países, como República Tcheca, Croácia e Hungria, estavam no grupo de atenção “muito alta”; 18 na faixa “alta”, como Bélgica, França e Alemanha; e outros 4 na “moderada”, como Itália e Espanha.
Muitos países, ainda que já estejam suavizando suas restrições, ainda não suspenderam a exigência de certificados de vacinação ou mesmo o uso de máscaras em ambientes fechados. Nesta terça, por exemplo, entrou em vigor na Itália a obrigação do passe vacinal para os trabalhadores acima de 50 anos. Essa medida vale até o dia 15 de junho.
Entretanto, com a queda no número de novos casos aliada à postura mais flexível dos governos e à proximidade do verão —que atrai turistas e movimenta a economia—, é difícil imaginar que medidas muito restritivas contra o vírus durem muito.