Folha de S.Paulo

Às vésperas do verão, relaxament­o de europeus se dá entre otimismo e cautela

- Michele Oliveira

MILÃO Na Itália ena Espanha, o uso de máscaras ao ar livre não é mais obrigatóri­o. Na Áustria, estudantes se preparam par aficar sema proteção dentro das salas de aula. Na França, comer pipoca na poltrona do cinema volta a ser permitido. Na Noruega, boates podem funcionar com casa cheia e sem máscara

Dos mais rigorosos aos mais liberais, os países da Europa anunciaram nos últimos dias o relaxament­o das restrições implementa­das para conter a quarta onda de casos Covid-19, que bateu recordes nos últimos devidoàal ta transmissi­bilidade da variante ômicron.

“A pandemia não é mais uma grande ameaça à saúde para a maioria de nós”, declarou o premiê da Noruega, Jonas Gahr Stoere. Os nórdicos estão no grupo de países mais ousados. Além de Noruega e Dinamarca, a Suécia segue caminho parecido e anunciou até limitação de testes gratuitos a grupos mais vulnerávei­s eque apresentem sintomas.

O premiê britânico, Boris Johnson, anunciou a intenção de antecipar o encerramen­to das medidas anti-Covid do fim de março para o fim deste mês. Na Holanda, o ministro da Saúde Ernest Kuipers disse nesta terça que o país reabrirá setores como o de bares e restaurant­es na sexta, “alegrement­e numa nova fase”.

Mesmo os mais comedidos ensaiam uma virada de página. Às vésperas do aniversári­o de dois anos da descoberta do primeiro caso de contaminaç­ão comunitári­a na Itália, o ministro da Saúde proclamou o início de “uma nova temporada da Covid”.

A Itália tem 82% da população com o primeiro ciclo de vacinação concluído, e 61% dos habitantes estão imunizados comado sede reforço. Na semana passada, o governo liberou, além da circulação ao ar livre sem máscaras, a reabertura das casas noturnas —com capacidade de público reduzida e somente para os vacinados ou curados.

Pelos números oficiais, o pior, em termos de disseminaç­ão, parece mesmo ter passado. Segundo dados do Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), o pico de novos casos desta quarta onda foi na última semana de janeiro.

O levantamen­to abrange dados oficiais de 30 países europeus. Entre 24 e 30 de janeiro, o índice de casos nos 14 dias anteriores atingiu 3.728 ocorrência­s por 100 mil habitantes, depois de subir por seis semanas seguidas. No começo de fevereiro, a incidência caiu para 3.509/100 mil, e a previsão é de que chegue a 1.418 /100 mil nesta semana.

Já o número de mortes permanece estável há 11 semanas. No início de fevereiro, o índice foi de 51,2 por milhão de habitantes ante 49,2 por milhão no começo de janeiro.

O centro descreve o cenário epidemioló­gico geral da Europa como “altamente preocupant­e”, apesar das quedas. “Ainda vemos uma intensidad­e sem precedente­s de transmissã­o comunitári­a”, afirma Anastasia Pharris, especialis­ta em doenças infecciosa­s do ECDC. “A vacinação continua sendo o elemento-chave.”

Sem comentar as decisões de cada governo nos últimos dias, ela diz que as intervençõ­es devem ser adotadas conforme as circunstân­cias locais e as recomendaç­ões do ECDC.

O problema é que há disparidad­es entre os 30 países monitorado­s. No mais recente relatório, 8 países, como República Tcheca, Croácia e Hungria, estavam no grupo de atenção “muito alta”; 18 na faixa “alta”, como Bélgica, França e Alemanha; e outros 4 na “moderada”, como Itália e Espanha.

Muitos países, ainda que já estejam suavizando suas restrições, ainda não suspendera­m a exigência de certificad­os de vacinação ou mesmo o uso de máscaras em ambientes fechados. Nesta terça, por exemplo, entrou em vigor na Itália a obrigação do passe vacinal para os trabalhado­res acima de 50 anos. Essa medida vale até o dia 15 de junho.

Entretanto, com a queda no número de novos casos aliada à postura mais flexível dos governos e à proximidad­e do verão —que atrai turistas e movimenta a economia—, é difícil imaginar que medidas muito restritiva­s contra o vírus durem muito.

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