É hora de reabrir tudo nos EUA
Devemos priorizar viver a vida em vez de minimizar a mortalidade
Em março de 2020 escrevi que precisávamos “cancelar tudo” em resposta à ameaça aguda da Covid. Eventos com muitas pessoas deviam ser adiados, empresas deviam mandar seus funcionários trabalharem de casa e escolas deviam dar aulas online.
Ainda estou convencido de que foi o certo. Antes de qualquer vacina e antes de termos tratamentos eficazes contra a doença, essas medidas eram necessárias para salvar vidas e evitar o colapso do sistema de saúde.
Hoje, quase dois anos mais tarde, finalmente dispomos das ferramentas para conviver com o vírus. Há vacinas eficazes gratuitas para quem opta por fazer uso delas. O risco da Covid caiu drasticamente para os plenamente imunizados. Também temos medicamentos antivirais que reduzem em quase 90% as hospitalizações ou mortes. Embora aprovados tarde demais para a maioria dos pacientes durante a explosão da variante ômicron, devem em breve tornar-se uma ferramenta altamente eficaz e amplamente à mão.
Nesse ponto, uma porcentagem muito importante da população também já adquiriu algum grau de imunidade natural. À medida que a onda de ômicron começa a recuar, a combinação de vacinas, defesas naturais e medicamentos eficazes contra a doença reduz significativamente o peri gode os departamentos de emergências dos hospitais ficarem sobrecarregados em um futuro próximo.
Quem se recusa ase imunizar permanece vulneráveis. Mas nossa atitude atual em relação a eles faz pouco sentido. Os não vacinados são sujeitos apressões imensas e indignação moral. Governos e instituições privadas faze moque podem para dificultar seu dia adia. Muitos chegam ase alegrar abertamente como sofrimento alheio quando pessoas antivacinas morrem de Covid. É errado. Devemos sentir compaixão por todas as vítimas dessa pandemia.
Ao mesmo tempo, os não vacinados são a principal justificativadas restrições que ainda continuam. Os que querem mantê-las apontam para a mortalidade ainda alta decorrente da Covid, e esses óbitos se concentram especialmente entre os não vacinados. Também isso é um erro. Não precisamos viver as nossas vidas em compasso de espera por tempo indeterminado pelo fato de outros terem decidido colocar a própria vida em risco.
Os imunossuprimidos e os idosos continuam a correr risco importante, não por culpa própria. Mesmo jovens e saudáveis podem ter sintomas, como fadiga persistente, muito tempo depois de se recuperarem da Covid.
É trágico que a propagação mundial da Covid ainda vai continuar a gerar sofrimento grave por anos, mas isso não basta para mudar a sociedade permanentemente do que a torna menos livre, sociável e alegre.
Assim como nos dispomos a correr riscos calculados em outras áreas da vida, devemos nos dispor a tolerar algum risco de doenças contagiosas. O risco decorrente de bactérias e vírus ainda é muito menor hoje do que foi ao longo da maior parte da história humana. Em 1900, quase 1% da população morria de doenças infecciosas a cada ano, mais ou menos uma ordem de magnitude mais que hoje. No entanto, as pessoas expostas a esses perigos optavam por viver uma vida social plena, julgando que o risco de pestilência, por grave que fosse, não justificava que abrissem mão da necessidade de contato humano.
Se ninguém mais saísse a um restaurante ou promovesse uma festa nunca mais, reduziríamos a transmissão de Covid, assim como a de muitas outras doenças infecciosas. Entretanto, a cura seria pior que o mal. Como fizeram nossos antepassados, devemos priorizar viver a vida em vez de minimizar a mortalidade.
É hora, sim, de reabrir tudo.