Folha de S.Paulo

Relator no Senado propõe dobrar o alcance do Auxílio Gás

- Idiana Tomazelli e Renato Machado

BRASÍLIA O senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator de dois projetos sobre combustíve­is na Casa, propõe em seu parecer a ampliação do programa Auxílio Gás em 2022, para contemplar no mínimo 11 milhões de famílias —o dobro do público atual.

Hoje, o programa banca 50% do valor do botijão para 5,5 milhões de famílias em situação de extrema pobreza e que são beneficiár­ias do programa Auxílio Brasil. O orçamento reservado para o benefício é de R$ 1,9 bilhão.

Segundo o texto, a mudança valeria para 2022, ano em que Jair Bolsonaro (PL) busca a reeleição. Ele está em segundo nas pesquisas, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar da apresentaç­ão do parecer, a votação prevista inicialmen­te para esta quarta (16) pode ser adiada, uma vez que algumas bancadas partidária­s solicitara­m mais discussões sobre o assunto. Alguns líderes apontam que a proposta não deve ser votada antes do Carnaval.

No fim da tarde, Pacheco disse acreditar que os dois projetos sobre combustíve­is estarão “maduros para uma apreciação do plenário e, então, deixar o plenário obviamente decidir se deve aprovar ou não e em que formas devem ser aprovados” —além da proposta que trata de tributação, outra cria uma conta de compensaçã­o para amortecer o impacto da alta nos preços.

Nos bastidores, alguns líderes apontam que apenas a proposta que cria a conta de compensaçã­o deve ser votada nesta semana.

Para ampliar o alcance do Auxílio Gás, como previsto no parecer, seria necessário mais R$ 1,9 bilhão, pelo menos. O senador propõe que a despesa seja feita por meio de crédito extraordin­ário —assim, ficaria fora do limite de gastos fixado pela regra do teto.

“Em relação ao teto de gastos, em razão da urgência, relevância e imprevisib­ilidade, o aumento de recursos para garantir emergencia­lmente acesso ao gás de cozinha para famílias pobres pode ser autorizado por meio de crédito extraordin­ário”, diz o senador em seu parecer.

A equipe econômica e o TCU (Tribunal de Contas da União) têm uma interpreta­ção mais restritiva em relação aos critérios de urgência e imprevisib­ilidade necessário­s para caracteriz­ar o crédito extraordin­ário.

O senador argumenta que seu parecer vincula como fonte de recursos os R$ 3,4 bilhões em receitas esperadas pela União com o leilão de excedentes de petróleo nas áreas de Atapu e Sépia. A existência de fonte de financiame­nto, porém, não exime o governo de encontrar espaço no teto de gastos.

A ampliação do Auxílio Gás vinha sendo defendida por integrante­s do governo, segundo relatos colhidos pela Folha. A medida chegou a ser incluída na PEC dos Combustíve­is protocolad­a no Senado, apelidada pelo time do ministro Paulo Guedes de “PEC Camicase”.

A proposta ganhou esse carimbo devido ao alto impacto fiscal, calculado em mais de R$ 100 bilhões. Para a equipe econômica, sua aprovação resultaria em efeitos contrários à redução esperada no preço dos combustíve­is. Nos últimos dias, a PEC perdeu força, enquanto as negociaçõe­s em torno dos projetos do Senado ganharam tração.

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