Folha de S.Paulo

Suspeito de matar torcedor foi perseguido após suposto roubo, diz testemunha

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são paulo Uma testemunha afirmou, em depoimento, que o agente penitenciá­rio José Ribeiro Apóstolo Júnior, 42, foi perseguido após torcedores terem ouvido “pega ladrão”, segundo a polícia. Ele foi preso em flagrante no sábado (12), suspeito de matar com um tiro o motoboy Dante Luiz Oliveira, 40. A violência ocorreu na região do Allianz Parque, zona oeste de São Paulo, após a derrota do Palmeiras para o Chelsea, na final do Mundial de Clubes.

A afirmação foi feita em depoimento prestado na segunda (14) por um torcedor, que acabou atingido com um tiro na mão. Segundo o delegado César Saad, titular da Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerânc­ia Esportiva, por imagens é possível ver a testemunha próxima a Oliveira. No local, torcedores disseram que um celular teria sido roubado. O suspeito de matar Oliveira afirmou que foi perseguido e que também teve o celular furtado.

“Ele [testemunha] afirma que percebeu que Apóstolo estava com uma pistola na mão. Depois ouviu um barulho e viu o Dante caindo no chão”, disse Saad.

A polícia fará o confronto balístico do projétil que acertou a mão da vítima com a arma do agente penitenciá­rio, uma pistola 380, de uso pessoal, diz o delegado. Em audiência de custódia no domingo (13), Apóstolo Júnior disse que foi “agredido por agentes da torcida organizada” e que, ao cair, teve a camisa rasgada, deixando a arma à mostra.

Nesse momento, afirmou, percebeu que a arma estava sem o carregador e que não tinha mais o relógio e o celular. “Alega que mesmo assim novamente correu com a arma na mão (...) porém foi alcançado por vários indivíduos, encurralad­o e novamente agredido”, diz trecho da decisão do juiz Renato Augusto Pereira Maia, que decretou prisão preventiva do suspeito.

O agente penitenciá­rio afirmou que, a partir daí, tentaram tomar a arma de sua mão e não sabe dizer se o disparo efetuado foi sua ação ou dos indivíduos que tentavam subtrair a pistola. “Só após o disparo conseguiu chegar até os policiais e entregou a arma”, diz a decisão.

Na noite de sábado, o delegado Maurício Freire afirmou que o suspeito disse ter sido confrontad­o por torcedores que duvidaram que ele fosse palmeirens­e, foi perseguido, correu e, no desespero, disparou a arma.

Procurado para falar sobre o depoimento da nova testemunha, Renan de Lima Claro, um dos quatro defensores do réu, não respondeu até a conclusão desta edição.

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