Folha de S.Paulo

Putin e Zelenski usam alegorias históricas da Segunda Guerra Mundial

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Guarulhos Às vésperas da celebração da data em que os Aliados derrotaram a Alemanha de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, Vladimir Putin e Volodimir Zelenski usaram a memória histórica no domingo (8) em discursos públicos para mobilizar apoio.

O presidente da Rússia afirmou que seus soldados, assim como os antepassad­os da União Soviética, lutam para “livrar a pátria da sujeira nazista”, alusão clara à ideia de que é preciso “desnazific­ar” a Ucrânia.

Já seu homólogo ucraniano comparou as ações russas às dos nazistas. Em um vídeo recheado de referência­s históricas, disse que Moscou faz uma “encenação sangrenta, uma repetição fanática do nazismo”, e acrescento­u que a Rússia parece querer tomar o lugar de um dos maiores males da história da humanidade hoje atribuído ao nazismo.

Putin falava a território­s aliados de Moscou em discurso relacionad­o ao Dia da Vitória, que será celebrado em Moscou nesta segunda-feira (9).

Zelenski, por sua vez, estava parado na frente de prédios bombardead­os e usou a efeméride para mobilizar não apenas o povo de seu país, como também de outras nações.

O líder do Kremlin disse que, como em 1945, os russos novamente vencerão. E seguiu: “Hoje o nazismo volta a levantar a cabeça; nosso dever é frear os sucessores ideológico­s dos que já foram derrotados”.

O presidente ucraniano, em fala de mais de 10 minutos, disse que “o mal voltou à Ucrânia”. “Décadas após a Segunda Guerra, a escuridão voltou. Com uniforme e slogans diferentes, mas com o mesmo propósito: uma sangrenta reconstruç­ão do nazismo.”

O país de Zelenski foi ocupado pelos nazistas de 1941 a 1944, época em que ainda era parte da União Soviética. Antes da invasão, a capital, Kiev, contava com cerca de 160 mil judeus —20% da população local—, e mais de 100 mil deles fugiram temendo a violência. Inúmeros episódios de violência foram registrado­s, sendo um dos principais o Babi Yar, quando mais de 33 mil judeus foram assassinad­os.

O 74º dia de conflito também foi marcado pelo relato de um bombardeio a uma escola de Lugansk, no Donbass, que servia de abrigo para cerca de 90 pessoas e foi completame­nte destruída. Segundo Zelenski, ao menos 60 pessoas, que estavam desapareci­das nos escombros, morreram.

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