Apps de encontro viram iscas para vítimas de sequestro-relâmpago
sÃo paulo Quadrilhas estão usando aplicativos de paquera para marcar hora e local onde irão sequestrar vítimas, alerta a Polícia Civil de São Paulo. Os falsos encontros são mais uma modalidade de crime que se aproveita da tecnologia após o surgimento das transferências bancárias via Pix, em 2020.
Em fevereiro, um homem de 52 anos ficou cerca de duas horas em um cativeiro na zona norte de São Paulo, após ir a um encontro por meio de um aplicativo de namoro. Segundo relatou à Folha, ele foi abordado por dois criminosos ao chegar à portaria do prédio indicado nas mensagens.
A vítima foi levada no próprio carro até a favela da Capadócia, na Brasilândia. Os ladrões realizaram saques e transferências via Pix no valor de R$ 3.500 enquanto o homem estava em cativeiro.
Os bandidos também levaram o carro, o celular e documentos e deram R$ 10 para que o gerente voltasse para casa por transporte público.
Em fevereiro, a polícia prendeu uma quadrilha suspeita de desviar R$ 32 mil de um homem de 48 anos, vítima de sequestro após falso encontro.
Na terça (3), duas pessoas foram presas por suspeita de roubos e extorsões envolvendo aplicativos como resultado da operação “Deu Match.”
O delegado Eduardo Bernardo Pereira, da 1ª Delegacia Antissequestro da capital paulista, orienta como cuidados que usuários de aplicativos marquem encontros em locais movimentados e que avisem a amigos para onde irão, se possível compartilhando a localização pelo celular. Também sugere que a pessoa deixe um celular com acesso a contas em casa e saia à rua com outro.
A Folha procurou empresas de aplicativos de encontros para saber quais são as medidas de segurança contra esse tipo de crime.
O Inner Circle afirmou que “colaborará ativamente” com a polícia para compartilhar dados. A empresa diz que, ao identificar um perfil impróprio, o usuário deve denunciá-lo no app.
O Inner Circle orienta ainda que é importante desconfiar de perguntas muito pessoais logo no início de uma conversa e se a outra pessoa se recusar a conversar em chamadas por vídeo.
O Tinder diz colaborar com investigações e que, caso a polícia identifique informações úteis às apurações, é possível solicitar dados da conta suspeita.
Os sequestros-relâmpagos cresceram 40% em 2021, na comparação com 2019 (antes da pandemia). Foram 42 casos em 2021, contra 30 em 2019. Em 2022, até o momento, foram quatro casos.
As extorsões mediante sequestros, quando a vítima passa ao menos um dia no cativeiro, subiram de cinco casos em 2019 para 13 em 2021. No primeiro trimestre de 2022, foram três casos.