Ives Gandra ataca Supremo por soltar Lula e caso de fake news
Parte do empresariado brasileiro foi nesta quintafeira (19) a evento em São Paulo para debater segurança jurídica e ativismo judicial.
Com falas como “inquérito do fim do mundo”, em referência ao inquérito das fake news, “STF se tornou o principal partido de oposição” e críticas à decisão que tornou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) novamente elegível, a tônica foi de crítica ao Supremo Tribunal Federal e ao Judiciário.
O evento era o “Fórum Segurança Jurídica”, organizado pelo Instituto Unidos Brasil (IUB), que reúne empresários de vários setores e é liderado por Nabil Sahyon, presidente da Associação de Lojistas de Shopping Centers (Alshop).
Estiveram o advogado Ives Gandra Martins e o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello.
Advogado e professor emérito da Universidade Mackenzie, Gandra tem se destacado por posicionamentos polêmicos, como a defesa de que o artigo 142 da Constituição permitiria uma intervenção das Forças Armadas em caso de conflito entre os Três Poderes.
Recentemente foi criticado ao defender o indulto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado Daniel Silveira (PTBRJ), condenado pelo STF.
“O maior partido de oposição passou a ser o STF, porque a oposição perde, recorre e ganha respaldo”, disse Gandra, ao citar nominalmente o senador Randolfe Rodrigues (Rede-ap), cujo partido já acionou o STF diversas vezes contra ações do governo Bolsonaro.
Gandra disse chamou isso de influência do Judiciário, que deveria, ao invés de tomar decisões, apontar que os temas levados à corte seriam de função exclusiva do Legislativo. Foi fortemente aplaudido. Ao final, os organizadores o homenagearam.
Gandra disse ainda que, apesar de considerar que os atuais ministros do Supremo têm qualidades e valores, espera que o tribunal volte a ser como era até 2002, antes das nomeações do ex-presidente Lula, lembrou que no ano seguinte houve as primeiras indicações do então presidente, que pôde fazer oito nomeações na corte.
Sobre o petista, criticou o modo como sua soltura foi decidida e disse que ao resgatar Lula como candidato contra Bolsonaro, o STF teria inviabilizado a terceira via.
Ele atribuiu o recuo no combate à corrupção à decisão do tribunal, sem mencionar interferências do governo Bolsonaro. “Aquele resgate terminou eliminando uma operação Lava Jato que, com os excessos que houve, tinha colocado o Brasil numa espécie de vitrine para o mundo inteiro.”
Ele também criticou o inquérito das fake news, que chamou de inquérito do fim do mundo, e a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sem citar a corte, que determinou a desmonetização de canais conservadores.
Já Marco Aurélio evitou fazer críticas específicas e contundentes, mas também chamou o inquérito das fake news de “inquérito do fim do mundo” e disse que ainda tinha esperanças na terceira via.