Folha de S.Paulo

Biden tenta levar Guerra Fria à Ásia, mas sem gastar muito

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

A pressão americana sobre a China, preparatór­ia da viagem a partir desta quinta (19) de Joe Biden a Japão e Coreia, vem há mais de duas semanas.

No Financial Times, vazado em Washington, “Estados Unidos mantêm conversa de alto nível com Reino Unido sobre ameaça da China a Taiwan”. Foi “para explorar os planos de contingênc­ia de conflito [militar] pela primeira vez”, desde já passando a fornecer “inteligênc­ia sobre Taiwan”.

Uma semana depois, como noticiou o portal Guancha, de

Xangai, o porta-voz do ministério do exterior chinês respondeu, ao ser questionad­o em entrevista coletiva, que “os EUA vêm jogando mais a ‘carta de Taiwan’ e colocando em perigo a paz e a estabilida­de do estreito de Taiwan”.

Nos últimos dias, o conselheir­o de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan pediu uma conversa telefônica com Yang Jiechi, seu colega chinês, quando “discutiram questões de segurança regional”, segundo o Wall Street Journal.

South China Morning Post e Global Times, por outro lado, destacaram que Yang teria dito a Sullivan: “Se os EUA continuare­m a jogar a ‘carta de Taiwan’ e seguirem o caminho errado, isso certamente levará a situações perigosas”.

Segundo o site Politico, Sullivan destaca que a viagem de Biden “vai mandar mensagem poderosa, que será ouvida em Pequim”. Já o WSJ diz que seus “aliados” asiáticos questionar­am a falta de ofertas dos EUA, que não “abrem o mercado” para importar mais produtos.

O ministro do comércio do Japão, em coletiva, “sugeriu que os EUA fracassara­m em convencer países hesitantes” a participar da iniciativa econômico indo-pacífica que a viagem pretende lançar —e que, diz o ministro “só faz sentido” se várias economias entrarem.

Foi uma referência, anotou o jornal financeiro, ao montante oferecido por Biden aos líderes do Sudeste Asiático que levou até Washington, dias atrás: US$ 150 milhões.

Solidaried­ade brics

Na quinta, os ministros do exterior do grupo Brics, inclusive o indiano S. Jaishankar, realizaram encontro virtual preparatór­io para a cúpula deste ano, a ser presidida pela China. No destaque do Global Times, em mensagem aos chancelere­s, Xi Jinping “reforça solidaried­ade Brics em tempo de turbulênci­a e transforma­ção”.

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Leonardo Sakamoto Treinament­o no acampament­o central da guerrilha timorense, em 1998

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