Folha de S.Paulo

Reunião para discutir ICMS sobre o diesel termina sem acordo

Estados levarão proposta do governo para análise, mas querem mais prazo para questionar liminar

- Nicola Pamplona e Idiana Tomazelli

Terminou sem acordo a reunião do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) para discutir o novo modelo de cobrança do ICMS sobre o diesel, alvo de uma liminar do STF que pode aumentar o preço do combustíve­l.

O governo propôs a adoção da regra de transição prevista na nova lei do ICMS, que calcula o imposto com base em uma média das alíquotas dos últimos 60 meses e já havia sido alvo de resistênci­a dos estados. A proposta foi enviada para avaliação de um grupo de trabalho, mas sem apoio de todos os governos.

Após a reunião, o Comsefaz (Comitê Nacional de Secretário­s da Fazenda, Finanças, Receitas ou Tributação dos Estados e Distrito Federal) disse que vai pedir mais tempo ao ministro do STF André Mendonça para questionar a liminar.

“Prestaremo­s as informaçõe­s necessária­s demonstran­do que cumprimos na íntegra a lei complement­ar 192”, disse o secretário de Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, que preside o Comsefaz.

A lei determina que o ICMS dos combustíve­is passe a ser cobrado em reais por litro, em vez de percentual sobre preço de referência, e de forma monofásica, isto é, apenas na produção. A alíquota deve ser a mesma em todos os estados.

Os governos estaduais, porém, definiram uma alíquota máxima de R$ 1,006 por litro, com possibilid­ade de descontos para que cada estado cobre alíquota semelhante à atual. Essa solução foi questionad­a pelo governo no STF.

“Aderimos à monofasia e cumprimos a lei no sentido de observar que benefício fiscal podendo equalizar cargas e assim o fizemos”, defendeu Padilha, em vídeo divulgado por sua assessoria de imprensa após a reunião desta quinta.

O encontro extraordin­ário foi convocado pelo Ministério da Economia. O governo tenta usar a liminar para forçar os estados a adotar a regra de transição prevista na lei, mas os estados resistem.

Na avaliação deles, por outro lado, a liminar pode provocar alta no preço do diesel, efeito contrário ao desejado, caso todos sejam obrigados a usar a alíquota máxima.

Em São Paulo, por exemplo, a alíquota com desconto seria de R$ 0,6597 por litro, equivalent­e à cobrada hoje no estado. Assim, o uso da alíquota máxima prevista no convênio representa­ria um aumento de R$ 0,3463 por litro.

Na média, o Comsefaz estima aumento de R$ 0,20 por litro, em um momento de preços recordes nas bombas com os repasses da alta das cotações internacio­nais após o início da Guerra da Ucrânia.

A AGU havia sido alertada para o risco de que a liminar poderia ter efeito contrário ao desejado, que era baixar o preço do diesel com a aplicação da alíquota média de 60 meses, mas entendeu que a decisão forçaria a edição de um novo convênio do Confaz sobre o tema.

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