Freixo rejeita imagem de radical e diz que Bolsonaro não tem força para golpe
Pré-candidato ao Governo do Rio de Janeiro, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) rejeita a pecha de radical e disse que, ao contrário, sempre esteve ao lado do diálogo e da união.
“Só faz uma CPI das Milícias na Alerj [Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro] quem tem capacidade de diálogo e articulação”, disse, sobre a investigação que presidiu na Casa.
Ele foi entrevistado em sabatina de Folha e UOL, na manhã desta sexta-feira (20).
Freixo também disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) promove uma ameaça permanente contra a democracia, mas afirma que não acredita que ele terá força política para um golpe de Estado.
“Acho que Bolsonaro não tem força política para promover um golpe, mas tenho certeza de que ele não vai aceitar as regras democráticas porque nunca teve compromisso com a democracia.”
Sobre a ala do PT contrária a sua aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu que esteve recentemente no casamento de Lula e que ele está muito confiante com a possibilidade de vitória no estado. Segundo o deputado, o petista manifestou que quer governar com aliados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais.
A aliança do PT e do PSB no Rio vive um impasse com a insistência dos pessebistas em ter o deputado federal Alessandro Molon (PSB) como candidato ao Senado na chapa. Os petistas lançaram para a vaga o deputado estadual André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa.
Freixo disse acreditar que as direções nacionais conseguirão chegar a um consenso. “Onde não tem dúvida é na candidatura ao governo. A última pesquisa concluiu que com Lula no segundo turno eu venço o Cláudio Castro”, afirmou.
Ele reforçou que vem se reunindo com empresários, evangélicos e policiais. “Estamos conversando com setores que nunca sentaram com esse campo progressista para falar de programa”.
Parte da esquerda critica o que vê como gesto de moderação do deputado, desde que ele saiu do PSOL para se filiar ao PSB. Freixo disse que não há excesso de pragmatismo, mas necessidade de tratar dos problemas reais da população.
“O Rio de Janeiro tem a cesta básica mais cara do Brasil. Tivemos uma perda de salário mínimo que nunca existiu na história. Voltamos a ter fome.”
Afirmou, ainda, que conversa com as polícias há muito tempo, desde sua atuação como deputado estadual. “Sempre tive uma preocupação muito grande em trabalhar pela boa polícia.”
Sobre abusos das forças policiais e mortes em operações, respondeu que muitas figuras políticas se alimentaram do modelo de polícia existente hoje no estado. “Esse modelo que foi alimentado por uma política absolutamente corrupta não interessa ao bom policial.” E que para melhorar a segurança pública é necessário haver investimento, tecnologia, metas e uma corregedoria forte.
“A gente precisa respeitar o trabalhador da segurança. O policial precisa ser bem treinado, valorizado, ter uma carreira, equipamento de trabalho. Um governo como o nosso vai dar o recado que é necessário ter um bom investimento e que vai valer a pena ser um bom policial”, afirmou.
Sobre o empenho do governador Cláudio Castro (PL) na cobrança de resultados da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), respondeu que a atuação foi vergonhosa e que Castro foi absorvido pela “máfia do Rio de Janeiro”, “certamente fazendo acordos com quem não deveria”.
Há dez anos, Freixo afirmou que o prefeito Eduardo Paes (PSD) tinha responsabilidade sobre o crescimento das milícias. Neste ano, já tentou atraí-lo para a sua pré-candidatura. “No passado a conjuntura era completamente diferente (...) a gente precisa ter um diálogo, uma capacidade de aliança muito mais ampla do que foi necessária em outra época.” Para ele, a responsabilidade sobre o crescimento das milícias, que hoje já controlam mais da metade do território da capital, é de todos os que ocupavam o poder público. “Muita gente não imaginou que a milícia fosse chegar onde chegou. Falavase em mal menor.”
Cláudio Castro lidera a disputa à reeleição no estado com 25% das intenções de voto no primeiro turno, segundo a mais recente pesquisa Quaest/genial, divulgada em maio. Freixo aparece em seguida, com 18%.