Folha de S.Paulo

Pistas de patinação retrôs fazem São Paulo voltar aos anos 1980

Espaços têm lanchonete­s e recebem de especialis­tas a iniciantes nas rodinhas

- Nathalia Durval

Embalados por músicas dos anos 1980, luzes coloridas e um globo espelhado que gira no teto, um grupo de jovens desliza sobre quatro rodinhas de patins e ri quando um colega se esborracha no chão. Num outro canto, crianças aprendem a dar as primeiras deslizadas nos rolamentos, enquanto outro grupo arrisca dancinhas e manobras sob o ritmo de hits de Madonna, Michael Jackson e Abba.

Como não poderia deixar de ser, o cenário é completado por uma lanchonete de decoração retrô, que serve hambúrguer­es, hot dogs, batatas fritas e milk-shakes. A cena poderia facilmente ter saído do musical dos anos 1970 “Roller Boogie” —ou “O Ritmo da Felicidade”, como foi traduzido para o português—, mas estamos na São Paulo de 2022.

Rinques de patinação com inspiração na estética americana dos anos 1970 e 1980 têm pipocado na capital e na Grande São Paulo, sempre com lanchonete­s e bares acoplados. Os locais são impulsiona­dos, principalm­ente, por vídeos de dancinhas sobre rodas que viralizam nas redes sociais.

Foi durante uma visita a uma dessas pistas nos Estados Unidos que o empresário Luciano Loiola resolveu abrir o próprio espaço para patinar em terras paulistana­s. Em dezembro do ano passado, ele inaugurou o Roller Dance, o exemplar mais novo dessa lista, no bairro da Liberdade.

Em uma pista de 520 m² feita de madeira envernizad­a, o público desliza para lá e para cá com patins do modelo quad —aquele que tem duplas de rodas na frente e atrás, encaixadas a botas que são amarradas com cadarços e que abusam das cores.

Um DJ comanda a trilha sonora, que vai do disco ao k-pop, enquanto luzes coloridas piscam pelo salão. “É uma balada sobre rodas”, resume Loiola. Para completar, o ambiente reúne fliperamas, mesas de sinuca e de pebolim, uma lanchonete e um bar.

Os visitantes podem levar os próprios patins ou alugar um dos 300 equipament­os disponívei­s pelo preço de R$ 20. Além disso, monitores ficam de plantão para auxiliar os novatos e ensinar coreografi­as.

Embora seja recente, o endereço, que surgiu durante a pandemia de Covid-19, acabou se benefician­do de uma maior procura pela patinação durante a quarentena. Hoje, o espaço chega a receber 300 pessoas por dia, calcula o dono. Tanto que um segundo rinque será inaugurado na região da Mooca nos próximos meses.

Outro dos endereços tradiciona­is para patinar na cidade é o Roller Jam, que surgiu há dez anos na Mooca e tem uma segunda unidade, em Moema. O fundador, Luiz Morcegão, faz parte da cena de patinação desde os anos 1980 e viu surgirem e desaparece­rem outros rinques, que já tinham sido febre décadas atrás.

O espaço funciona no mesmo esquema. Um salão de ambiente retrô é recheado de luzes de LED coloridas e abriga um tablado de madeira de 450 metros quadrados, arcades, um restaurant­e com cardápio de lanches e bebidas. Há 500 pares de patins quad para aluguel, que custa R$ 20.

Os rinques não se limitam apenas à capital paulista, porém. Há seis anos, a Roller Dancing abriu as portas em São Caetano do Sul, na Grande

São Paulo. Por lá, a pista mede 400 metros quadrados e é decorada por luzes, grafites e telões. Na playlist, dominam as músicas que fizeram sucesso entre os anos 1980 e 2000.

Uma lanchonete de estilo retrô e fliperamas dão o toque final. Até por conta dessa combinação, os rinques costumam ser procurados para abrigar festas de aniversári­o. O Roller Dancing, por exemplo, chega a receber 15 eventos em apenas um fim de semana.

Vital Regis, fundador do local, também aponta uma explosão recente na procura pelo espaço e uma demanda maior pelas aulas de patinação, que vão do nível básico ao avançado e incluem orientaçõe­s específica­s para aprender a dançar sobre rodas.

Existem até pistas itinerante­s na cidade —caso da Space Roller, que percorre shoppings. Depois de passar pelo Anália Franco, na zona leste, ela está montada no shopping Vila Olímpia até a próxima terça, dia 31. Ainda não há informaçõe­s sobre migração para outro centro comercial.

Mas, por estar instalada em meio a lojas e a pessoas segurando sacolas, a pista não consegue ter o mesmo charme dos rinques que lembram discotecas. Lembra mais aqueles supermerca­dos com atendentes que andavam de patins nos anos 1990. O que não deixa de também ser retrô, é claro.

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Adriano Vizoni/folhapress Crianças e patinadore­s iniciantes na pista do Roller Dancing, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo
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Divulgação Com decoração oitentista, Roller Jam tem rinques em Moema e na Mooca

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