Folha de S.Paulo

Salah ganha adversário que queria e tem sede de vingança

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Mohamed Salah, 29, fez 34 gols em 58 jogos na atual temporada do Liverpool. Foi incluído na lista dos seis finalistas do melhor da Premier League, votado pelos próprios jogadores. Terminou como artilheiro do torneio, ao lado de Son Heung-min, do Tottenham Hotspur (23). Conquistou a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga.

Em estatístic­as individuai­s, só não teve período melhor do que 2017-2018. Foi quando anotou 44 vezes e foi, possivelme­nte, o melhor jogador do mundo. Chegou à final da Champions League daquele ano como o astro maior de uma partida que tinha Cristiano Ronaldo na equipe adversária.

Deveria ser a consagraçã­o do egípcio. Deu tudo errado.

Ele saiu de campo depois de 30 minutos, chorando. Lesionou-se após sofrer falta do zagueiro Sergio Ramos. O rival era o mesmo Real Madrid com quem decide de novo o título europeu neste sábado (28), em Paris.

Há quatro anos, os espanhóis venceram por 3 a 1. A saída de Salah foi creditada como um dos fatores cruciais para o resultado, mas o maior responsáve­l foi o goleiro alemão Loris Karius, que falhou de maneira chocante em dois gols.

O atacante nunca fez muita questão de esconder o desejo de revanche. Minutos após a classifica­ção do Liverpool para a final deste ano, após passar pelo Villarreal, Salah fez sua escolha sobre o adversário favorito para enfrentar em Paris, entre Real Madrid e Manchester City, que ainda se enfrentari­am: queria os espanhóis. Foi uma declaração que surpreende­u até seus colegas de elenco.

“Foi o pior momento da minha carreira. Fiquei realmente muito mal. Tinha tido uma boa temporada, mas jogar a final da Champions e sair depois de 30 minutos é a pior coisa que pode acontecer com qualquer jogador. Eu fiquei sabendo do resultado no hospital. Pensei: não podemos perder o jogo desse jeito. Nunca tinha sentido aquilo antes no futebol, especialme­nte porque era a primeira decisão da Champions League para a maioria de nós”, disse ele, sobre a derrota de 2018.

Um resultado que teria marcado a carreira daquela equipe comandada por Jürgen Klopp se eles não tivessem sido campeões em 2019 ao vencerem por 2 a 0 o Tottenham Hotspur.

No início daquela temporada, dois meses após o trauma diante do Real, os jogadores se reuniram e disseram que a motivação teria de ser a mesma para ir em busca de todos os títulos. Principalm­ente o europeu.

Salah escolher adversário e não esconder seu espírito de vingança não pegou bem entre os adversário­s deste sábado. O volante Federico Valverde considerou que Salah está subestiman­do o Real Madrid. O técnico Carlo Ancelotti, com ironia, falou que se o egípcio queria revanche, o mesmo valia para o clube espanhol que havia perdido para o Liverpool, em Paris, a final de 1981.

“Estou muito motivado. Depois do que aconteceu com o Madrid na última vez e pelo que houve no domingo. Todos estão motivados para ganhar a Champions League. É um troféu inacreditá­vel para nós e todas as temporadas temos brigado por ele desde que cheguei aqui”, completou Salah.

Por “aconteceu no domingo” ele se referiu à perda da Premier League. O Liverpool precisava vencer o Wolverhamp­ton. Mas necessitav­a também que o Manchester City não derrotasse o Aston Villa. Apesar de estar perdendo por 2 a 0 durante o segundo tempo, o time de Pep Guardiola fez 3 a 2 e foi campeão.

O título continenta­l teria mais um significad­o para Salah. Seria uma espécie de compensaçã­o pela tristeza de não ir à Copa do Mundo. Nos playoffs das eliminatór­ias africanas, o Egito foi eliminado pelo Senegal, liderado pelo também atacante do Liverpool Saido Mané.

“Eu estava realmente decepciona­do depois do que aconteceu com a seleção. Então voltei para a Inglaterra e no dia seguinte fui treinar. Não queria pensar nisso, só queria jogar. Pensei apenas: nós temos quatro troféus para vencer. Vamos atrás deles. Dei meu melhor. No domingo chegamos perto, mas não tivemos sorte”, completa.

O cenário dos sonhos para ele não é apenas bater o Real Madrid, mas ser protagonis­ta do título. Não à toa, foi lembrado que na decisão de 1981 o Liverpool teve um destaque improvável. O gol do título foi marcado pelo lateral esquerdo Alan Kennedy. Ao ouvir a pergunta de quem achava que seria o herói em 2022, respondeu: “Espero que seja eu.”

“Eu fiquei sabendo do resultado no hospital. Pensei: não podemos perder o jogo desse jeito.

Mohamed Salah atacante do Liverpool, sobre a derrota para o Real Madrid na final da Champions em 2018

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Lee Smith/reuters Mohamed Salah, do Liverpool, em treino

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