Folha de S.Paulo

Diesel já custa mais que gasolina em postos

- Nicola Pamplona e Felipe Nunes

RIO DE JANEIRO E SÃO JOSÉ DO RIO PRETO O litro do óleo diesel já custa mais do que o da gasolina e do etanol em postos e supera até mesmo o valor cobrado na gasolina aditivada em alguns locais, algo inédito segundo o Sincopetro (sindicato representa­nte dos postos). A reportagem encontrou exemplos na cidade de São Paulo e na internet também há relatos de outros estados.

A situação é um reflexo direto do mais recente aumento da Petrobras, no dia 17, que reajustou em 5,2% a gasolina nas refinarias e em 14,2% o valor do diesel. Na ocasião, a estatal alegou que o mercado de petróleo passa por uma mudança estrutural e que é necessário buscar convergênc­ia com os preços internacio­nais.

Nesta quinta (23), no posto da rede Papa localizado na marginal Tietê, na Vila Leopoldina, em São Paulo, o litro diesel tipo S-10 era vendido por R$ 0,40 a mais do que o da gasolina comum. Enquanto a gasolina é vendida por R$ 6,69 o litro, o diesel comum custa R$ 7,09. No caso das opções de diesel e gasolina aditivados, a diferença é de R$ 0,30 por litro.

Há quase 50 anos no varejo de combustíve­is, o empresário Francisco Pereira Simão, dono do Autoposto Novo Mundo, na marginal Tietê, diz nunca ter visto o preço do diesel ser superior ao da gasolina. “O preço do diesel sempre foi 70% do que era cobrado pela gasolina. Ele era vendido quase que no mesmo preço do etanol”, diz.

Nesta semana, após os recentes reajustes, a revendedor­a começou a vender o litro do óleo diesel a R$ 7,49, e a gasolina, a R$ 6,99 (ambos na versão comum). Até a gasolina aditivada, vendida a R$ 7,09, custa menos que o diesel.

A disparada do preço do diesel reflete aperto no mercado internacio­nal, diante da redução da oferta russa e do aumento do consumo para geração de energia em países afetados por cortes no fornecimen­to de gás da Rússia.

O preço do diesel nas refinarias é historicam­ente mais alto que o da gasolina, mas a diferença na carga tributária fazia com que o brasileiro pagasse menos por este último.

As restrições na oferta de diesel preocupam o mercado de combustíve­is, que vê riscos de falta de produto no início do segundo semestre.

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