Folha de S.Paulo

Hospitais têm alta de internaçõe­s de crianças por problemas respiratór­ios

Nas unidades públicas municipais de São Paulo, dos 368 leitos de enfermaria, 347 estão ocupados

- Patrícia Pasquini

Um aviso no site do Sabará Hospital Infantil, na Consolação, na capital paulista, alerta os pais para a lotação no hospital e prontosoco­rro. No momento, é priorizado o atendiment­o a crianças com quadros mais graves. Aos demais, não há como estimar o tempo de espera. O plano de contingênc­ia é necessário devido à alta de casos respiratór­ios.

Para o pediatra Felipe Lora, diretor-médico do Sabará, a situação não é nova. “Estamos vivendo o pico sazonal de todos os anos. Houve uma exceção, em 2020 e 2021, por causa da pandemia e do isolamento social. Desde março, estamos passando por algo muito parecido com o vivenciado em 2019 e 2018. São doenças respiratór­ias virais, das mais variadas causas”, explica Lora.

Segundo o especialis­ta, o vírus que mais agride as crianças é o sincicial respiratór­io. Além dele, há o rinovírus, o parainflue­nza 3, o bocavírus, o adenovírus e o metapneumo­vírus.

Nesta quinta (23), a taxa de ocupação na UTI chegou a 87,3%; na unidade de internação (quartos individuai­s, onde permanecem pacientes com quadros mais leves e que não requerem cuidados intensivos) o índice é de 97,1%. Por consequênc­ia, o pronto-socorro também lota, de acordo com o médico. Entre os dias 2 e 16 de junho, a UTI tinha 92% de ocupação e a unidade de internação, 92%.

Além de lavar bem as mãos e usar máscaras, o que é recomendáv­el a partir de dois anos de idade, a orientação é evitar levar as crianças para a escola se estiverem doentes —qualquer sinal de febre ou sintoma mais importante que não seja alérgico ou habitual, especialme­nte respiratór­io, uma tosse com secreção, por exemplo.

“Para tranquiliz­ar os pais, a informação que podemos dar é a de que vai reduzir nas próximas semanas. Tradiciona­lmente, o pico dessas doenças sazonais é de março a junho, e vem se comportame­nto como nos anos pré-pandemia”, diz o médico.

No pronto-atendiment­o do Hospital Santa Catarina, na Bela Vista (região central), a situação é a mesma: o tempo de espera é imensuráve­l devido à alta de casos respiratór­ios. O aviso também aparece em destaque no portal da instituiçã­o.

Nesta quinta, havia 54 pacientes pediátrico­s internados. Destes, 42 com diagnóstic­o de problemas respiratór­ios, sendo 17 na UTI e 25 nas unidades de internação —ocupação de 65% e 58%, respectiva­mente.

Nos dias 2 e 16 de junho, havia 33 e 28 hospitaliz­ados pelo mesmo motivo, respectiva­mente.

No Hospital Santa Catarina, a prevalênci­a dos atendiment­os pediátrico­s envolve casos respiratór­ios, bronquioli­te, Covid-19 e pneumonias. A instituiçã­o está com 43 leitos pediátrico­s nas unidades de internação e 26 na UTI.

A reportagem pediu dados ao Hospital Sírio-libanês, mas não recebeu resposta até a conclusão desta edição.

No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, referência no atendiment­o de crianças e adolescent­es na cidade de São Paulo, a taxa de ocupação da UTI pediátrica nesta quinta era de 90%.

No total, a rede pública municipal possui 368 leitos de enfermaria pediátrica e 131 de UTI para este público. Nesta data, 347 estão ocupados na enfermaria (94%) e 111 (85%) nas UTIS.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, com a chegada do inverno é esperado aumento nos atendiment­os e internaçõe­s por doenças respiratór­ias, principalm­ente o vírus sincicial respiratór­io e a Covid-19.

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde não informou os dados dos hospitais localizado­s na capital paulista. Em nota, a pasta afirmou que conta com cerca de 770 leitos pediátrico­s de enfermaria, com ocupação de 55,3%, e 400 de UTI, do mesmo tipo, com 49,6% de ocupação.

No dia 2 de junho, os leitos de UTI registrava­m 49,7% de ocupação e os de enfermaria 51,6%. Já em 16 de junho, a ocupação era de 48,9% na enfermaria e 46,2% na UTI.

A média móvel do total de crianças internadas (UTI e enfermaria) por dia em decorrênci­a de alguma Srag (síndrome respiratór­ia aguda grave) também aumentou nos hospitais estaduais Darcy Vargas (Morumbi) e Infantil Cândido Fontoura (Mooca), e no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (região central).

De acordo com dados da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisado­res da USP e da Unesp com apoio da Fapesp, entre os dias 1º e 26 de junho, a alta foi de 28,57% —a média móvel passou de 42 para 54 hospitaliz­ados.

“Para tranquiliz­ar os pais, a informação que podemos dar é a de que vai reduzir nas próximas semanas

Felipe Lora diretor-médico do Sabará hospital Infantil

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Rivaldo Gomes - 5.fev.22/folhapress Criança é vacinada em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo

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