Folha de S.Paulo

Uma doença negligenci­ada

Doença de Chagas pode ser transmitid­a por via oral e por gestação

- Julio Abramczyk Médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação Científica (CNPQ)

A negligenci­ada doença de Chagas tem tratamento, mas um dos boletins da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, EUA, informa que ela afeta cerca de 6 milhões a 7 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo, com 12,5 mil mortes anuais.

Antigament­e, essa doença era encontrada com frequência na população rural, em suas casas de pau-a-pique, que o professor Samuel B. Pessoa, que formou várias gerações de parasitolo­gistas de renome internacio­nal, denominava de ninhos de triatomíne­os (barbeiros), transmisso­res do agente da doença, o T. cruzi.

Em trabalho de revisão e atualizaçã­o publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, a professora Maria Aparecida Shikamai Yasuda analisa atuais formas de transmissã­o da doença de Chagas.

A denominada transmissã­o vertical, de gestante para seu bebê, é uma forma frequente de disseminaç­ão da doença.

Por esse motivo, em reunião internacio­nal realizada no ano passado, Argentina e Brasil com o apoio da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) e de várias outras entidades, lançaram o compromiss­o de eliminar a doença de Chagas nas crianças até o ano 2030.

A professora Yasuda também destaca a transmissã­o oral da doença, assinaland­o os surtos observados na Amazônia e em países da América do Sul como Venezuela, Colômbia, Bolívia e Guiana Francesa.

No Brasil, esses surtos foram registrado­s em áreas não endêmicas, onde os barbeiros estão sob controle.

A contaminaç­ão dos alimentos, como o açaí e sucos naturais, é realizada com trituração concomitan­te dos triatomíne­os ou presença de suas fezes.

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