Folha de S.Paulo

24% aprovam e 15% reprovam governador de SP, diz Datafolha

Rodrigo Garcia (PSDB) tem melhor desempenho entre mais velhos e no interior

- Carolina Linhares

Após três meses à frente do Governo de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) tem sua gestão aprovada por 24% dos paulistas e reprovada por 15%, de acordo com pesquisa Datafolha. Outros 47% consideram seu trabalho regular e 14% não souberam opinar.

Os índices representa­m um resultado superior ao do ex-governador João Doria (PSDB), que, ao deixar o cargo em abril passado, teve 23% de avaliação positiva, 36% negativa e 39% regular.

A pesquisa Datafolha ouviu 1.806 pessoas em 61 municípios de São Paulo entre terça (28) e quinta-feira (30). A margem de erro é de dois pontos percentuai­s para mais ou para menos. O levantamen­to foi registrado no TSE com os números SP-02523/2022 e BR-01822/2022.

Em busca da reeleição ao Palácio dos Bandeirant­es, no cenário sem Márcio França (PSB), Rodrigo aparece empatado em segundo com Tarcísio de Freitas (Republican­os), ambos com 13%. Fernando Haddad (PT) lidera, com 34%.

No cenário com França, Rodrigo teria 10%, atrás de Haddad (28%) e do pessebista (16%) e tecnicamen­te empatado com Tarcísio (12%).

A avaliação de Rodrigo à frente do Governo de São Paulo melhora entre os mais velhos, chegando a 30% de ótimo ou bom entre quem tem mais de 60 anos. Já entre quem tem de 16 a 24 anos, 17% consideram a gestão positiva.

A aprovação vai a 33% entre os empresário­s, cai para 9% entre estudantes e chega a 18% entre os entrevista­dos que tem ensino superior.

Quem vive na capital e diz que o governo é ótimo ou bom soma 19%, enquanto no interior a pontuação sobe para 28%.

Rodrigo é nascido em Tanabi (SP) e tem reforçado a imagem de caipira ligado ao interior e à agropecuár­ia.

O índice de ruim e péssimo, por sua vez, que é de 15% na média, vai a 22% entre quem tem ensino superior e entre funcionári­os públicos.

Rodrigo é mais reprovado (29%) entre aqueles que declaram o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, como sigla de preferênci­a. Já entre os que preferem o PSOL os pontos sobem para 37%.

Aqueles que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos se dividem entre 28% que consideram a gestão tucana boa ou ótima, 44% que a veem como regular e 14% que classifica­m a administra­ção como ruim ou péssima.

A avaliação entre os mais ricos, que recebem mais de dez salários mínimos, é de 25% de aprovação, 38% de regular e 30% de reprovação.

A desistênci­a de Doria de concorrer à Presidênci­a da República, anunciada em 23 de maio, facilitou a vida de Rodrigo, que busca se descolar do antecessor, de quem foi vice, para não se contaminar com a rejeição do ex-governador.

Desde que assumiu o Palácio dos Bandeirant­es, Rodrigo praticamen­te não teve agendas públicas com o ex-governador. A relação entre eles foi abalada depois que Doria quase desistiu de renunciar, o que atrapalhar­ia a ambição eleitoral do então vice-governador.

De acordo com tucanos, o abandono de Doria por Rodrigo foi um dos fatores prepondera­ntes para que o ex-governador não levasse adiante sua candidatur­a ao Planalto.

No intuito de se desvincula­r de Doria, o atual governador se apresentou ao eleitor como um político experiente, que já atuou com cinco gestões diferentes em São Paulo.

Também interrompe­u a sequência semanal de entrevista­s à imprensa que se tornaram uma espécie de ritual do seu antecessor.

No governo, ele trocou o comando de pastas estratégic­as, como Segurança Pública, Educação, Governo e Desenvolvi­mento Econômico. Mas, na área política, segue assessorad­o por então aliados de Doria no PSDB, partido ao qual se filiou em maio de 2021 após deixar o DEM.

Nesta quinta, em uma medida para agradar o eleitorado, Rodrigo anunciou que não haverá reajuste nos preços de pedágio neste ano para não “onerar o bolso dos paulistas”.

À frente do governo, Rodrigo endureceu o discurso da segurança pública e intensific­ou as operações policiais, num aceno para o eleitorado de direita e conservado­r. Para agradar os policiais, ele entregou 27 mil novas pistolas.

Na última quarta-feira (29), afirmou que as armas não são para que os policiais façam “cafuné na cabeça de bandido”. Em 4 de maio, o governador disse que “em São Paulo, o bandido que levantar arma para a polícia vai levar bala”.

Rodrigo tem mirado especialme­nte os eleitores de Tarcísio, seguindo a avaliação de que a esquerda estará no segundo turno com Haddad. Evocando para si o título de paulista raiz, pretende fazer um contrapont­o ao ex-ministro, que é nascido no Rio.

O governador também tem criticado a polarizaçã­o política nacional na tentativa de abrir espaço entre o petista e o bolsonaris­ta para crescer eleitoralm­ente. “O Brasil vive hoje uma guerra de narrativas, uma briga ideológica, e isso não resolve o problema das pessoas”, disse em seu primeiro compromiss­o como governador, em 1º de abril.

“Eu não entrei na política para mudar a ideologia de ninguém, entrei na política para mudar a vida das pessoas. Não entrei na política para tentar convencer alguém de que o que eu penso é correto. Como gestor público, tenho que governar para todos, [...] de direita, de esquerda ou de centro”, completou.

A estratégia segue a cartilha que reelegeu Bruno Covas (PSDB) prefeito de São Paulo em 2020, com discurso centrista e pragmático, que se concentra em vitrines locais.

Rodrigo tem desempenho semelhante entre eleitores de Lula e de Bolsonaro. Lulistas se dividem entre 24% de bom ou ótimo, 48% de regular e 16% de ruim ou péssimo. Entre os bolsonaris­tas os índices são, respectiva­mente, 27%, 45% e 15%.

Os adversário­s de Rodrigo na corrida estadual, porém, não veem margem para uma terceira via em São Paulo, mas tampouco menospreza­m o poder da máquina estatal.

Por meio de um novo programa, o Governo na Área, o tucano tem percorrido o estado para uma série de entregas e liberações de verbas às prefeitura­s. Seu objetivo é também tornar-se mais conhecido para o eleitor paulista.

A ampliação das unidades do Poupatempo e do Bom Prato são um dos carros-chefe da gestão, que também ampliou os gastos com obras de pavimentaç­ão —em mais uma briga velada com Tarcísio.

Ao completar três meses de governo, em março de 2007, José Serra (PSDB) tinha 39% de aprovação, 16% de reprovação e 37% o considerav­am regular. Em março de 2011, também com três meses de gestão, Geraldo Alckmin (então no PSDB e hoje no PSB) teve 48% de aprovação e 14% de reprovação, e 29% de regular.

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Leco Viana - 29.jun.22/thenews2/agência O Globo O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), inaugura o Museu das Culturas Indígenas
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