Folha de S.Paulo

Conciliou as carreiras de advogado e jogador de futebol

- Priscila Camazano coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo Apaixonado por futebol, Norberto Moreira da Silva teve a vida voltada para o esporte. Jogador de futebol na década de 1960, foi vice-presidente do Santos de 2000 a 2009. Formado em direito, atuou também como advogado.

Nascido em 1938, Norberto era filho de portuguese­s e teve uma infância simples com mais três irmãos. Ele era o caçula. “Ele gostava muito de jogar futebol, largava tudo para jogar bola na rua e em todos os cantos”, afirma Betico, filho de Norberto. “Meu pai jogou na base do Santos na era Pelé.”

Depois, integrou o time do Novo Hamburgo, do Rio Grande do Sul. Passados alguns anos, voltou para Santos e foi jogar na Portuguesa Santista.

“Ele jogou no time que subiu para a primeira divisão quando disputaram a final da série B do Paulista”, afirma Betico.

Nesse período, Norberto conciliou a carreira esportiva com os estudos. Formouse em direito. No final da década de 1960, deixou o futebol profission­al para se dedicar à advocacia. “Ele chegou até a receber uma proposta para jogar no São Paulo na época, mas optou por finalizar os estudos e seguiu na advocacia”, lembra o filho.

Norberto foi presidente da OAB Santos e chegou a assumir as funções de conselheir­o estadual e conselheir­o federal da instituiçã­o.

Também ajudou a criar o curso de direito da Unisanta (Universida­de Santa Cecília), em Santos.

Em 2000, Norberto voltou a criar laços com o futebol profission­al e assumiu o cargo de vice-presidente do Santos na gestão de Marcelo Teixeira.

Nessa época, quando o Santos perdia, Norberto ligava para o filho. “Ele dizia: ‘Acho que nós vamos ter que sair da cidade. A torcida está muito brava’. Ele tinha um medo danado e queria tirar a família da cidade. A gente ria, achava engraçado”.

Segundo o filho, de todas as virtudes do pai, a maior era a de saber ouvir a todos sem distinção e sem julgamento.

Apesar de não ser mais profission­al, ele nunca deixou de jogar futebol. Depois da passagem pelo Santos, Norberto continuou a trabalhar como diretor da Faculdade de Direito da Unisanta.

“Quando criança frequentam­os os clubes em Santos e o meu pai era o que tinha paciência, então, ele pegava eu, minha irmã, meus primos, os amigos e lotava o carro, íamos um em cima do outro, e ele tinha mania de ficar cantando marchinha”, recorda Betico.

Norberto Moreira da Silva morreu no dia 5 de julho, aos 84 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele deixa a mulher, Thereza, dois filhos, Roberta e Betico, três netos, Patrick, Giovana e Julia, e dois bisnetos, Davi e Alice.

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