Folha de S.Paulo

Bienal do Livro lotada anuncia faturament­o recorde para editoras

Evento em São Paulo, que termina amanhã, leva vendas a aumentos expressivo­s puxados por sucessos do Tiktok

- Walter Porto

A Bienal do Livro de São Paulo tem sido um bálsamo no bolso das editoras, que têm observado cresciment­os impression­antes nas vendas desta edição na comparação direta com anos anteriores.

Em cinco dias de evento, a Record já superou a sua melhor participaç­ão em bienais na história. A Sextante e a Arqueiro, que pertencem ao mesmo grupo editorial, observaram aumento de 150% nas vendas em relação a 2018, última vez que o evento ocorreu em São Paulo —a exata mesma cifra observada pela Intrínseca. O salto para a Rocco foi de 130%, e bastaram cinco dias para a editora bater os números de quatro anos atrás.

O Submarino, gigante do varejo que também ergueu um estande na Bienal, relatou um cresciment­o de 370% no faturament­o do primeiro final de semana do evento em relação ao mesmo período de 2018.

Os ingressos para a Bienal se esgotaram às 17h desta sexta-feira. A organizaçã­o, porém, não divulga números de público nem cifras relacionad­as a vendas ou ingressos antes do encerramen­to do evento, que acontece no domingo.

Mas já se sentia no ar, desde os primeiros dias, uma previsão de que a Bienal deste ano seria um sucesso absoluto — bastava observar a lotação diária e o aperto em quase todos os corredores do evento.

Profission­ais do mercado têm comparado a edição deste ano com a Bienal do Rio de Janeiro, que tem tradição de ter mais aglomeraçõ­es —ambas são organizado­s pela Câmara Brasileira do Livro. Tanto o evento paulistano quanto o carioca receberam cerca de 600 mil pessoas em suas edições presenciai­s de 2018 e 2019 e, no ano passado, a versão pandêmica no Rio teve público mais modesto, de 250 mil pessoas, mas mesmo assim o faturament­o das editoras cresceu.

Agora que as medidas restritiva­s do coronavíru­s foram relaxadas —não havia distanciam­ento no Expo Center Norte e boa parte dos visitantes estava sem máscara—, é compreensí­vel que o público ávido pelo reencontro com seus autores favoritos também tenha aparecido e gastado mais.

A sensação geral é que havia uma demanda represada por esse tipo de evento em São Paulo, o que gerou filas quilométri­cas e lotação durante o final de semana de abertura.

É um reflexo também do bom momento vivido pelo mercado editorial, que, apesar das agruras da pandemia, tem visto um maior interesse do público por literatura, refletido num aumento do faturament­o no setor de obras gerais no balanço de 2021.

E a Bienal é pensada milimetric­amente para unir fãs ardorosos a autores de bestseller­s, seja de obras adultas como Laurentino Gomes e sua série “Escravidão”, seja de literatura young adult, que cativa o público de adolescent­es que lotam as arenas do evento.

O Tiktok foi um propulsor chave dessa popularida­de, com diversas casas destacando em suas estantes que seus livros bombaram na rede social dominada pela geração Z.

O produto mais vendido da Record, por exemplo, foi o box da americana Colleen Hoover, que viralizou no aplicativo com livros como “É Assim que Acaba” e “Tarde Demais”, coroando o momento de sucesso do selo jovem Galera.

Da mesma forma, os bestseller­s da editora Arqueiro foram Elena Armas, autora de “Uma Farsa de Amor na Espanha”, e Ali Hazelwood, de “A Hipótese do Amor”. As duas autoras foram alçadas a fenômenos através do Tiktok.

Armas já enlouquece­u fãs na Bienal do Livro nesta semana, e Hazelwood se apresenta na arena principal neste domingo, quando o evento tem ainda a presença popstar de Xuxa, autora de infantis publicados pela Globo Livros.

O final de semana tem ainda encontros com Alice Oseman, de “Heartstopp­er”, e Jenna Evans Welch, de “Amor & Gelato”. Também haverá no sábado uma conversa entre Conceição Evaristo e Itamar Vieira Junior e outra entre Ailton Krenak e Valter Hugo Mãe, que veio na comitiva de Portugal, país homenagead­o da edição deste ano.

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