Inflação e acesso desigual são entraves para setor se expandir
Jovens e ricos estão entre os principais consumidores de serviços de vídeo e áudio
Em 2021, o percentual de usuários de internet pagando por plataformas de vídeo foi de 43% e de 19% para áudio. As classes A e B registram maiores taxas de pagantes, 71% para filmes e séries e 41% para ouvir música.
Os dados são do Painel TIC Covid-19, feito pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), que monitora o comportamento na internet.
“O principal consumidor deste tipo de serviço é jovem e com maior instrução”, afirma Catarina Segatto, analista de informações do Cetic. br. Ela afirma ver possibilidade de crescimento no setor, e um dos motivos é o aumento na oferta de conteúdo.
O maior número de plataformas, por sua vez, leva a mais competitividade, afirma Márcio Rodrigo Ribeiro, professor de cinema e audiovisual da ESPM.
É um desafio para as empresas, que precisam manter contas em dia em um cenário de alta na inflação, afirma.
Em abril, a Netflix anunciou uma queda de 200 mil assinantes no primeiro trimestre de 2022, o primeiro recuo registrado no indicador em uma década.
Com a queda, a empresa não atingiu a meta de 2,5 milhões de usuários estabelecida para o período.
O cenário de instabilidade levou a empresa a falar pela primeira vez em incluir anúncios publicitários em sua plataforma, como parte de planos mais baratos, que devem ser anunciados no último trimestre deste ano.
Lembrada por 62% dos entrevistados na pesquisa O Melhor da Internet 2022, do Datafolha, a Netflix foi eleita como melhor streaming para assistir filmes e séries.
“Para conquistar o consumidor as plataformas se popularizaram com planos a preços baixos e assinaturas para compartilhar. Agora precisam de medidas impopulares, como redimensionar preços para equilibrar as contas”, afirma Márcio Rodrigo Ribeiro, da ESPM.
Em 2021, o investimento em publicidade feito pelas principais plataformas de vídeo aumentou 243%, na comparação com 2019, segundo a pesquisa Inside Video 2022, do Kantar Ibope.
O levantamento também mostra aumento no número de televisores conectados à internet, que passou de 49%, em 2020, para 57%, em 2021. No entanto, a maior parcela do consumo de vídeo ainda vem pelas emissoras lineares, 79%, enquanto as plataformas digitais somam 21%.
Ribeiro, da ESPM, explica que apesar da popularidade dos lançamentos de séries e filmes, o consumidor brasileiro ainda é muito ligado às emissoras de televisão, o que se deve, também, à desigualdade da distribuição de acesso de banda larga de boa qualidade no país.
O Spotify anunciou neste mês que espera atingir receita de US$ 100 bilhões (R$ 521 bi) nos próximos 10 anos, com alta margem de retorno para expansão em podcasts e audiolivros.
A plataforma foi eleita como melhor streaming para ouvir música por 29% dos entrevistados na pesquisa Datafolha.
O consumo de podcasts tem crescido na audiência nacional segundo pesquisa do IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau), associação que reúne empresas de publicidade digital.
Em 2021, 35% dos brasileiros com acesso à internet escutaram podcasts três ou mais vezes por semana.
Entre as principais motivações para acompanhar o conteúdo, estão aprofundar assuntos de interesse (53%), obter conhecimento (48%) e acompanhar notícias (40%).
Em 2021, 89% dos usuários de internet no Brasil afirmam ter ouvido música em serviços online e 62% acompanharam transmissões de áudio ou vídeo em tempo real, segundo dados do Painel TIC Covid-19, realizado pelo Cetic.br.
“Ouvir músicas online é um dos comportamentos que abrangem maior percentual de usuários da internet. Mas o perfil de quem paga pelo conteúdo e utiliza plataformas de streaming reflete desigualdades do país”, afirma Catarina Segatto, do Cetic.br.
Para Roberta Pate, líder de operações do Spotify na América Latina, é determinante para a marca ser uma plataforma gratuita [com anúncios], em que ouvintes têm acesso “a músicas de todo o mundo e a mais de 4 milhões de podcasts”.
Streaming de filmes e Séries
Empresa estuda uso de publicidade para baratear planos Streaming de música Plataforma aposta no crescimento de podcasts e audiolivros