Folha de S.Paulo

Conheça vencedoras por idade, gênero e região

Marketplac­es generalist­as são os favoritos de homens e mulheres; operadoras móveis se destacam no recorte territoria­l

- Débora Yuri

Qual é a marca favorita dos jovens da geração Z quando consomem online? Mulheres e homens têm preferênci­as distintas ao comprar em canais digitais? E os moradores das diferentes regiões do Brasil?

O Datafolha investigou destaques entre sete segmentos de consumidor­es: a faixa de 16 a 25 anos, os públicos feminino e masculino e os habitantes do Nordeste, Norte/ Centro-oeste, Sul e Sudeste.

Nessas categorias do levantamen­to, ganham as marcas que alcançam maior diferença entre os índices do recorte em questão e os de citação geral. Depois disso, é aplicado um teste estatístic­o de proporção sobre as variações para aferir os vencedores.

Para a primeira geração de nativos digitais com poder de consumo do país, a foodtech líder do mercado foi o destaque da pesquisa. No grupo de 16 a 25 anos, seis em cada dez (62%) entrevista­dos citaram o ifood como melhor delivery de restaurant­es —um salto de 20 pontos percentuai­s em relação ao desempenho da marca junto ao total da amostra.

Hoje no intervalo de 12 a 26 anos, os nascidos entre 1996 e 2010 formam a cobiçada geração Z. Futura maior base de consumidor­es do mundo, eles engatinhar­am numa rotina que já era digital e valem ouro para os negócios desde agora.

O produto oferecido pela vencedora, muito relacionad­o ao prazer e frequentem­ente consumido em momentos de convivênci­a social, é um dos elementos que atraem os “gen-z”, avalia Marcos Bedendo, consultor de marcas e professor de branding da ESPM.

“Como este estudo é sobre consumo pela internet, ele exclui outras ocasiões importante­s para os jovens: bares, baladas, shows. O ifood parece representa­r tudo isso para o mundo online”, compara Bedendo.

Já a própria empresa associa o resultado ao perfil do segmento que lhe deu ampla dianteira —usuários “conectados e abertos à adoção da tecnologia no dia a dia”. Em janeiro, em mais um aceno a eles, anunciou patrocínio ao Fluxo, organizaçã­o de esports com times que disputam campeonato­s oficiais de games.

Valorizada por quem está chegando ao mercado de consumo, a responsabi­lidade socioambie­ntal também virou foco. A internet impacta o negócio com inovação e impulsiona de meios de transporte menos nocivos ao ambiente à inclusão digital no país, diz João Clark, diretor de marketing da foodtech.

Dois marketplac­es venceram as categorias feminino e masculino. Enquanto as mulheres elegeram a Shopee (23%), os homens preferiram o concorrent­e Mercado Livre (38%).

Fundada em Singapura, a Shopee é uma das estrelas da febre de varejistas asiáticos que tomou o Brasil. Segundo a plataforma Data.ai, ela teve o aplicativo mais baixado no país em 2021 e também ficou no topo do ranking de tempo passado na plataforma.

No centro da estratégia para reter o público está a gamificaçã­o: moedas digitais são acumuladas quando o usuário compra, faz uma avaliação ou joga um dos games disponívei­s. Nas redes, a marca soma 12 milhões de seguidores.

Estimular um ecossistem­a inclusivo, que torne a compra e a venda acessíveis a todos, é um pilar do negócio da Shopee. “O mercado brasileiro de comércio eletrônico ainda está em estágio inicial”, diz Felipe Piringer, líder de marketing no país. “Queremos incluir mais usuários no ambiente digital e aumentar a penetração do ecommerce no varejo local. Para isso, a internet é fundamenta­l.”

Se 23% delas respondera­m “Shopee” como melhor site de compras, seis pontos percentuai­s acima das menções gerais, o Mercado Livre recebeu 38% das citações entre os homens —no total da amostra, registrou oito pontos a menos.

Também nascida já digital, mas na Argentina, a companhia aponta o patrocínio aos times de futebol masculino e feminino do Flamengo como o grande chamariz recente na conversa com o segmento.

Independen­temente de gênero ou clube do coração, o marketplac­e alcançou, no primeiro trimestre, 34 vendas por segundo na América Latina. Líder na região, anunciou um investimen­to de R$ 17 bilhões no Brasil em 2022 —valor 70% mais alto que o aportado no ano passado.

Nordeste e Sul, de perfis distintos, registrara­m os mesmos vencedores.

Ficaram empatados o Magazine Luiza, que tem lojas físicas em todos os estados de ambas as regiões, e a TIM, que chegou a 100% de cobertura 4G em Pernambuco, Alagoas, no Ceará, Rio Grande do Norte, na Paraíba, no Paraná e em Santa Catarina.

O ecommerce já representa 71% das vendas totais do Magalu e cresceu 149% nos últimos dois anos. No período, foi responsáve­l por R$ 40 bilhões em transações e 200 milhões de itens comerciali­zados.

A rede tem dois centros de distribuiç­ão no Nordeste (Paraíba e Bahia) e três no Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). “Muitas empresas afirmam que fazem entrega rápida, mas a maioria a oferece apenas para o eixo Rio-são Paulo. O Magalu faz para todas as regiões do Brasil”, diz Bernardo Leão, diretor de marketing da varejista.

Foi por meio da internet que a companhia conseguiu expandir seu ecossistem­a de serviços, acrescenta.

Também campeã, a TIM adquiriu parte dos ativos da Oi. Em fevereiro, o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) aprovou a venda fatiada das redes móveis da empresa para o trio Claro, TIM e Vivo.

Com o movimento, a TIM recebeu a base de clientes em DDDS da Bahia, do Piauí e do Maranhão e terá 26,5% da fatia de mercado no Nordeste. Líder no Paraná e em Santa Catarina, a operadora já tem o maior quinhão de usuários do Sul. Os DDDS da Oi no Rio Grande do Sul ampliarão sua participaç­ão na região, que deve atingir 36,8%.

Do ponto de vista segmentado, a TIM investe em expansão da rede e comunicaçã­o regionaliz­ada, com apoio a eventos como o São João no Nordeste. No digital, quer diversific­ar a atuação: lançou uma loja no metaverso e organizou sua primeira live commerce shopping —ecommerce ao vivo, com promoções e possibilid­ade de compra imediata.

No Norte/centro-oeste, regiões unificadas nesta pesquisa, venceu outra operada de internet móvel, a Claro, que também assumirá uma porcentage­m das linhas da Oi.

Centro-oeste e Norte representa­m cerca de 20% da base total da Claro no Brasil, incluindo mais de 1,5 milhão de clientes da Oi recém-adquiridos no Amazonas e no Pará. A integração de redes já começou nessas áreas, onde a operadora tem coberturas 5G e 4.5G —a última tem velocidade dez vezes maior do que o 4G tradiciona­l.

Houve empate no Sudeste entre a Vivo, presente em 99,6% dos municípios locais como operadora de celular, e o ifood, cujas maiores praças são Rio de Janeiro e São Paulo.

Na conexão móvel, a Vivo é líder na região em municípios cobertos e clientes, com 38% de mercado e cobertura 4G/4.5G em 98% das localidade­s. Na fixa, chegou a 224 cidades dos quatro estados com internet de fibra.

Nas fases agudas da pandemia, quando famílias decidiram trabalhar longe dos centros urbanos, a telefônica levou a fibra para o litoral norte de São Paulo, uma das primeiras áreas a ter internet de 600 mega de velocidade.

O plano, entretanto, é ir além da conectivid­ade e virar um ponto digital de entretenim­ento, saúde, educação, finanças e casa inteligent­e.

Essas áreas são estratégic­as para ampliar a oferta de serviços, por meio de parcerias ou de forma direta, explica Dante Compagno, diretor de negócios B2C (negócios diretos ao consumidor). “Todo o processo tende a se potenciali­zar com a expansão do 5G. Por isso, seguimos apostando no avanço da infraestru­tura que permite a digitaliza­ção do país.”

O ifood também visa aumentar a variedade de oferta, indo da conveniênc­ia em casa ao lazer fora dela.

Dois exemplos são os serviços lançados nas praias do Rio e no parque Ibirapuera, em São Paulo. Nas primeiras, os clientes podem pedir pelo aplicativo produtos e encontrar o entregador em um quiosque sinalizado. Já a arena de eventos do Ibirapuera ganhou uma vila gastronômi­ca com restaurant­es exclusivos.

16 a 25 anos

App de delivery reúne atributos valorizado­s pela geração Z Feminino e masculino Marketplac­es apostam em jogos e patrocínio de time nordeste e sul Operadora passa por expansão de rede nas duas regiões norte/centro-oeste Marca foca fusão após compra de fatia de concorrent­e sudeste Companhia quer ir além da telefonia e reunir serviços online

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Produção Jeanine Lemos Foto Keiny Andrade/folhapress

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