Folha de S.Paulo

Endrick não explode e Paulista tem seca de gols

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

Endrick ainda não conseguiu ser o inventor de gols que torcida e imprensa esperavam. Pode ser o grande diferencia­l em relação ao título brasileiro. Não conseguiu até este momento. Esta é uma parte da razão de o Palmeiras ter disputados duas partidas no Allianz Parque e não ter marcado nem sequer um gol.

Empates contra o São Bento e o São Paulo, ambos por 0 x 0. Três gols anulados, um deles de Rony, no clássico.

Não é pela falta de reforços. O Palmeiras estuda Matheus Henrique, pretende ter também um ponta-esquerda, mas os novos jogadores devem chegar antes do início da fase de grupos da Libertador­es. Além disso, os reforços do ano passado não atuam como se espera —Bruno Tabata, López e Merentiel— e Raphael Veiga tem lances bons, sem brilhar por 90 minutos.

Sem Scarpa, isto faz muita diferença.

Nunca antes foi tão óbvio que os times mais importante­s usam o Campeonato Estadual como preparação para o ano todo, quase pré-temporada. Interesse vai haver quando chegarem as finais.

Curioso perceber que Abel Ferreira inverteu a saída de jogo, no início, com Piquerez por trás, junto com Gustavo Gómez e Murilo, Marcos Rocha avançando como ponta. Talvez para obrigar o recémcontr­atado David, do São Paulo, a persegui-lo.

O São Paulo está encantado por Méndez. Fabián Bustos, ex-técnico do Santos, costuma dizer que há poucos jogadores com o profission­alismo que resultou no sucesso de Antonio Valencia, no Manchester United, campeão da Liga dos Campeões de 2008. Méndez tem.

Rogério Ceni pretende fazer dele o principal responsáve­l pela saída da defesa. Por enquanto, ele se reveza com Rafinha e Rodrigo Nestor, na construção do jogo com três homens. Não funcionou tão bem e o Palmeiras foi superior em grande parte do clássico, insosso.

Das 27 finalizaçõ­es até os 35 minutos do segundo tempo, 15 foram de fora da área. Jogo com poucas chances de gol, o que se explica pelo início de temporada aliado ao horário das 16h, com 30°C de temperatur­a. Parece que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas pode contabiliz­ar e perceber que as partidas noturnas são melhores, no verão.

Os estaduais começaram chatos. No Rio, pelo desequilíb­rio, em que se sabe que o Flamengo é capaz de golear o Nova Iguaçu por 5 a 0, apesar de empatar com o Madureira por 0 a 0. Em São Paulo, pelo oposto. Nenhum time venceu duas vezes nas duas primeiras rodadas. O Trio de Ferro não conseguiu ganhar mais do que uma vez, o Palmeiras contra o Botafogo-SP, o São Paulo contra a Ferroviári­a e o Corinthian­s do Água Santa.

Segue a lógica deste século, em que houve 23 Campeonato­s Paulistas e só cinco com os quatro gigantes nas quatro primeiras colocações. Por tradição, um dos grandes fica fora das finais.

A melhor coisa deste início de temporada é o público. Foram 40 mil no Allianz Parque, contra o São Paulo, 37 mil com o São Bento, 39 mil para Corinthian­s x Água Santa, 45 mil para São Paulo x Ituano.

Taticament­e, o Palmeiras segue muito semelhante ao ano passado, no mesmo sistema com saída de três homens. O São Paulo volta a usar linha defensiva de quatro homens e Méndez pode ser a novidade.

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