Endrick não explode e Paulista tem seca de gols
Endrick ainda não conseguiu ser o inventor de gols que torcida e imprensa esperavam. Pode ser o grande diferencial em relação ao título brasileiro. Não conseguiu até este momento. Esta é uma parte da razão de o Palmeiras ter disputados duas partidas no Allianz Parque e não ter marcado nem sequer um gol.
Empates contra o São Bento e o São Paulo, ambos por 0 x 0. Três gols anulados, um deles de Rony, no clássico.
Não é pela falta de reforços. O Palmeiras estuda Matheus Henrique, pretende ter também um ponta-esquerda, mas os novos jogadores devem chegar antes do início da fase de grupos da Libertadores. Além disso, os reforços do ano passado não atuam como se espera —Bruno Tabata, López e Merentiel— e Raphael Veiga tem lances bons, sem brilhar por 90 minutos.
Sem Scarpa, isto faz muita diferença.
Nunca antes foi tão óbvio que os times mais importantes usam o Campeonato Estadual como preparação para o ano todo, quase pré-temporada. Interesse vai haver quando chegarem as finais.
Curioso perceber que Abel Ferreira inverteu a saída de jogo, no início, com Piquerez por trás, junto com Gustavo Gómez e Murilo, Marcos Rocha avançando como ponta. Talvez para obrigar o recémcontratado David, do São Paulo, a persegui-lo.
O São Paulo está encantado por Méndez. Fabián Bustos, ex-técnico do Santos, costuma dizer que há poucos jogadores com o profissionalismo que resultou no sucesso de Antonio Valencia, no Manchester United, campeão da Liga dos Campeões de 2008. Méndez tem.
Rogério Ceni pretende fazer dele o principal responsável pela saída da defesa. Por enquanto, ele se reveza com Rafinha e Rodrigo Nestor, na construção do jogo com três homens. Não funcionou tão bem e o Palmeiras foi superior em grande parte do clássico, insosso.
Das 27 finalizações até os 35 minutos do segundo tempo, 15 foram de fora da área. Jogo com poucas chances de gol, o que se explica pelo início de temporada aliado ao horário das 16h, com 30°C de temperatura. Parece que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas pode contabilizar e perceber que as partidas noturnas são melhores, no verão.
Os estaduais começaram chatos. No Rio, pelo desequilíbrio, em que se sabe que o Flamengo é capaz de golear o Nova Iguaçu por 5 a 0, apesar de empatar com o Madureira por 0 a 0. Em São Paulo, pelo oposto. Nenhum time venceu duas vezes nas duas primeiras rodadas. O Trio de Ferro não conseguiu ganhar mais do que uma vez, o Palmeiras contra o Botafogo-SP, o São Paulo contra a Ferroviária e o Corinthians do Água Santa.
Segue a lógica deste século, em que houve 23 Campeonatos Paulistas e só cinco com os quatro gigantes nas quatro primeiras colocações. Por tradição, um dos grandes fica fora das finais.
A melhor coisa deste início de temporada é o público. Foram 40 mil no Allianz Parque, contra o São Paulo, 37 mil com o São Bento, 39 mil para Corinthians x Água Santa, 45 mil para São Paulo x Ituano.
Taticamente, o Palmeiras segue muito semelhante ao ano passado, no mesmo sistema com saída de três homens. O São Paulo volta a usar linha defensiva de quatro homens e Méndez pode ser a novidade.