PRÓXIMOS PASSOS
A permanência de nomes ligados ao governo Jair Bolsonaro no comando do Arquivo Nacional tem alimentado um clima de tensão e frustração entre servidores da instituição. Com a troca de governo, havia a expectativa de uma exoneração em massa de indicados da gestão passada —o que não se confirmou.
CURRÍCULO O antigo diretor-geral, Ricardo Borda D’Água, foi exonerado do cargo em 1º de janeiro. Ele é ex-chefe de segurança do Banco do Brasil e atirador esportivo, e na época de sua nomeação causou espécie no setor. Servidores afirmam ter ocorrido desmonte e perseguição sob a sua direção.
NA MESA A partir de terça (24), o Arquivo Nacional deixará o Ministério da Justiça e passará a integrar a estrutura do Ministério de Gestão e Inovação, comandado por Esther Dweck. Caberá a ela a escolha pelo próximo chefe.
FAXINA Segundo funcionários ouvidos pela coluna, Dweck foi recebida recentemente na sede da instituição, no Rio de Janeiro, pela equipe nomeada por Borda D’Água, entre coordenadores e superintendentes. Após a visita, a associação de servidores do Arquivo Nacional enviou uma carta à ministra pedindo a “desbolsonarização” dos cargos de comando.
FAXINA 2 “Nos parece haver um mal latente em nosso órgão”, dizia o texto enviado, que cobrava um “revogaço”. Procurada, a pasta de Dweck diz, em nota, que a visita teve como objetivo “dialogar com os servidores e também ouvir pessoas da academia para definir a melhor direção da instituição.
INCERTEZA Há, ainda, apreensão entre os servidores em relação ao novo nome que vai comandar o Arquivo Nacional. A princípio, a ministra buscava por um nome mais técnico. Entre os cotados estava o diretor do Arquivo do estado de SP, Thiago Nicodemo, apoiado por nomes do governo como o ministro Silvio de Almeida.
INCERTEZA 2 De acordo com servidores, contudo, haveria uma pressão por parte da Presidência para que a questão da diversidade seja levada em consideração. O ministério afirma que a nova direção será anunciada nesta semana.
RECADO O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa teceu críticas aos militares e defendeu a troca de comando do Exército feita por Lula (PT) ao rebater críticas do ex-vice-presidente da República e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS). À Folha, Mourão afirmou que o mandatário quer alimentar a crise com as Forças Armadas e que a decisão seria péssima para o país.
RECADO 2 “Ora, ora, senhor Hamilton Mourão. Poupe-nos da sua hipocrisia, do seu reacionarismo, da sua cegueira deliberada e do seu facciosismo político!”, afirmou Joaquim Barbosa, em publicação nas redes sociais. “’Péssimo para o país’ seria a continuação da baderna, da ‘chienlit’ [baderna, em tradução livre] e da insubordinação claramente inspirada e tolerada por vocês, militares”, disse ele ainda.
VIAGEM A Companhia Nova de Teatro apresentará a peça “Apátridas” na 41ª edição do Fadjr International Theater Festival, em Teerã, no Irã, considerado um dos festivais mais importantes do Oriente Médio. O espetáculo, que aborda situações de pessoas que não têm a sua nacionalidade reconhecida por nenhum país, será encenado no próximo dia 30.
INTERCÂMBIO Como o Irã exige, por lei, que as mulheres cubram os cabelos, as atrizes da montagem vão adotar o véu na encenação. “É uma adaptação à cultura iraniana”, diz o diretor Lenerson Polonini.
CONTRA O TEMPO A Matrix Editora se prepara para lançar um livro sobre Pelé escrito em apenas dez dias. Intitulado “Pelé, o Rei Visto de Perto”, o volume trará uma entrevista inédita dada pelo ex-jogador ao jornalista Maurício Oliveira. Na ocasião, o craque reclamou que “pro Pelé todo mundo manda abraço, mas pro Edson ninguém manda”. A obra tem lançamento previsto para o dia 10 de fevereiro.
TELA O pintor mineiro Amadeo Luciano Lorenzato (19001995) terá toda a sua produção artística identificada e catalogada em uma plataforma digital. O galerista Thiago Gomide encabeça o conselho consultivo do projeto, que conta com o apoio do Itaú Cultural.
TELA 2 As obras de Lorenzato estão espalhadas pelo mundo. O objetivo é organizar esse material para que o trabalho do artista possa ser cada vez mais conhecido. As telas do mineiro mostram paisagens bucólicas do Brasil e ganharam reconhecimento só após a sua morte.