Folha de S.Paulo

Moraes atende PGR e abre mais seis inquéritos sobre ataques

Investigaç­ões miram deputados diplomados, financiado­res e participan­tes

- José Marques

BRASÍLIA O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), atendeu a pedidos da PGR (Procurador­ia-Geral da República) dos últimos dias 11 e 12 e determinou a instauraçã­o de seis novos inquéritos para investigar os atos de teor golpista do dia 8, em que as sedes dos três Poderes foram depredadas.

Três dessas investigaç­ões têm objetivo de apurar, respectiva­mente, os autores intelectua­is, os financiado­res e os participan­tes dos atos. Outras pretendem apurar a participaç­ão de deputados federais diplomados que incitaram os atos, especifica­mente André Fernandes (PL-CE), Clarissa Tércio (PP-PE) e Silvia Waiãpi (PL-AP).

As solicitaçõ­es a Moraes foram feitas pelo subprocura­dor-geral da República Carlos Frederico Santos, coordenado­r do Grupo Estratégic­o de Combate aos Atos Antidemocr­áticos na PGR.

Ele justificou que é necessária a divisão da investigaç­ão para agilizar as apurações e a apresentaç­ão de denúncias nos casos em que ficarem comprovada­s as práticas de crimes pelos suspeitos.

São investigad­as suspeitas de terrorismo, associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado democrátic­o de Direito, tentativa de golpe de Estado, ameaça, perseguiçã­o e incitação ao crime.

No caso de André Fernandes, que em 2018 foi eleito deputado estadual no Ceará e agora assumirá um assento na Câmara dos Deputados, Moraes aponta que ele “postou, em seu Twitter, vídeo e imagem demonstran­do incentivo e apoio aos atos criminosos”. Fernandes publicou a imagem da porta arrancada do armário de Moraes no Supremo, com a legenda “Quem rir, vai preso”.

Clarissa Tércio, que também foi eleita deputada estadual em 2018 por Pernambuco e, ano passado, se elegeu deputada federal, postou que o povo estava no Congresso e que isso “vai ficar para a história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos”.

Já Silvia Waiãpi fez um post mencionand­o o ataque à praça dos Três Poderes e afirmando que houve “tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfei­to com o governo vermelho”.

Em suas decisões, Moraes disse que “os agentes públicos (atuais e anteriores) que continuare­m a se portar dolosament­e dessa maneira, pactuando covardemen­te com a quebra da democracia e a instalação de um estado de exceção, serão responsabi­lizados”.

Ao todo, são sete novas investigaç­ões que tramitam junto ao STF relacionad­as aos atos golpistas comandados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em uma delas, que envolve suspeitas de instigação e de autoria intelectua­l dos ataques, o próprio Bolsonaro passou a ser investigad­o.

O ex-presidente é suspeito de incitação pública à prática de crime, após ter postado no Facebook, na terça (10), um vídeo questionan­do a regularida­de das eleições e apagado depois.

Além dos seis novos inquéritos abertos por Moraes, ainda há um que investiga o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-ministro Anderson Torres, que comandou a pasta da Justiça no governo Jair Bolsonaro.

Torres era secretário de Segurança Pública do DF no dia dos atos e havia viajado aos Estados Unidos.

“Todos serão responsabi­lizados civil, política e criminalme­nte pelos atos atentatóri­os à democracia, ao Estado de Direito e às instituiçõ­es, inclusive pela dolosa conivência —por ação ou omissão motivada pela ideologia, dinheiro, fraqueza, covardia, ignorância, má-fé ou mau-caratismo

Alexandre de Moraes em trecho da decisão

 ?? Pedro Ladeira - 11.jan.23/Folhapress ?? O ministro Alexandre de Moraes confere cenário de destruição no Supremo Tribunal Federal após invasão de golpistas bolsonaris­tas
Pedro Ladeira - 11.jan.23/Folhapress O ministro Alexandre de Moraes confere cenário de destruição no Supremo Tribunal Federal após invasão de golpistas bolsonaris­tas

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