BNDES vai voltar a financiar projetos de engenharia no exterior, diz presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (23), durante encontro com empresários brasileiros e argentinos, que o BNDES vai “voltar a financiar as relações comerciais do Brasil e projetos de engenharia no exterior”.
Uma das bandeiras do petista, em visita à Argentina nesta semana —a primeira do presidente desde a posse—, é o estreitamento de laços comerciais e a integração regional.
Mais cedo, Lula já havia afirmado que o financiamento de obras na América Latina pelo BNDES seria um “motivo de orgulho” para o Brasil, e que o país tem o dever de ajudar seus vizinhos.
A atuação do banco de fomento no exterior foi alvo de críticas de opositores em gestões petistas anteriores e mobilizadas durante a campanha eleitoral por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).
Um exemplo é o porto de Mariel, em Cuba, cuja modernização foi feita pela Odebrecht com financiamento do BNDES. Outras obras foram financiadas na Venezuela e Moçambique —que chegaram a dar um calote nos pagamentos em 2018.
Ele disse, ainda, que, se os empresários brasileiros mostrarem esforço, as condições para a construção de um gasoduto entre Brasil e Argentina poderão ser criadas.
“Eu tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes que a Argentina tem, no conhecimento científico e tecnológico da Argentina. E, se há interesse dos empresários e do governo, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente pos sa fazer para ajudar no gasoduto argentino”, disse Lula.
Apesar da promessa, o presidente brasileiro deixa nas entrelinhas que o modelo de financiamento não está exatamente definido. Uma fonte ouvida pela Reuters revelou que o Brasil não deve voltar ao modelo anterior de financiar diretamente obras de infraestrutura em outros países, mas financiar a compra de bens de empresas brasileiras a serem usados nas obras.
O acesso ao gás argentino, no entanto, é de interesse direto do Brasil, que hoje depende em grande parte do produto boliviano. O campo de Vaca Muerta está entre os maiores campos gasíferos do mundo e poderia aliviar a dependência brasileira.