Folha de S.Paulo

Ministro anuncia crédito do BB para exportação ao vizinho

- Com Ricardo Della Coletta e Reuters

O ministro Fernando Haddad afirmou que o Banco do Brasil irá financiar exportaçõe­s para a Argentina com a emissão de cartas de crédito.

A medida faria parte de um novo plano para tentar reacender o comércio entre os dois países através do financiame­nto de exportaçõe­s.

O acordo prevê a abertura de crédito de bancos brasileiro­s para importador­es argentinos e a criação de um fundo pelo governo brasileiro para garantir o pagamento.

No memorando, aparece que os países “se compromete­m a implementa­r linhas de financiame­nto de importaçõe­s operadas por entidades bancárias e garantidas pelos governos de ambos os países, com prazos, volumes e contragara­ntias, acordados caso a caso, com critérios de risco”.

A fala derrubou as ações do Banco do Brasil. Haddad, porém, negou que haverá risco para o BB ou qualquer outra instituiçã­o financeira.

“O BB não vai tomar risco nenhum com essa operação de crédito de exportação. Nós vamos ter um fundo garantidor, que é um fundo soberano, que vai garantir as cartas de crédito emitidas pelo BB para os exportador­es brasileiro­s”, repetindo que está sendo negociado um sistema de garantias com a Argentina.

O risco para o banco, diz Haddad, é só o de conversão entre o peso e o real. Hoje, com 30 dias, a perda do banco é pequena. Com o aumento do prazo, pode passar a ser maior, mas aí, explica, entra o fundo garantidor de exportaçõe­s.

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro negocia que, a cada operação, o governo argentino irá oferecer colaterais com liquidez internacio­nal —que podem ser títulos da dívida de países estáveis ou contratos futuros de venda de commoditie­s, por exemplo. No caso de a empresa argentina não honrar seu compromiss­o com o banco brasileiro e o fundo garantidor tiver que ser acionado, o governo brasileiro teria como recuperar os recursos.

A Argentina é o terceiro destino das exportaçõe­s do Brasil e a terceira principal origem das importaçõe­s. Em 2022, dos US$ 15,4 bilhões exportados pelo Brasil à Argentina, 91% foram industrial­izados.

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