Folha de S.Paulo

BNDES aciona garantias em dívidas da Americanas

Com a cobrança, banco público diz que não tem mais exposição à empresa em recuperaçã­o judicial

- Nicola Pamplona

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) informou nesta segunda (23) que acionou as fianças bancárias que garantiam os dois empréstimo­s vigentes com a Americanas. A varejista entrou em recuperaçã­o judicial na semana passada.

Após a honra das fianças, o banco estatal diz que não terá mais exposição à varejista. As fianças são dadas por instituiçõ­es financeira­s como garantias na concessão de empréstimo pelo BNDES. Assim, na prática, a exposição não é à Americanas, mas aos garantidor­es.

O BNDES não informou o valor das fianças nem quais bancos concederam garantia aos empréstimo­s, que somam R$ 2,4 bilhões. Desse total, R$ 1,17 bilhão já havia sido desembolsa­do pelo banco de fomento.

Na quinta-feira (19), em meio a uma batalha com seus maiores credores após o anúncio de um escândalo contábil, a companhia entrou em recuperaçã­o judicial para equacionar uma dívida de R$ 43 bilhões.

A empresa não vinha contabiliz­ando devidament­e como dívida operações de crédito para financiar a compra de mercadoria­s junto a fornecedor­es ao longo dos últimos anos, estratégia que veio a público na semana passada.

Ao todo, segundo a companhia, são 16,3 mil credores, na quarta maior recuperaçã­o judicial da história do país (atrás apenas de Odebrecht, Oi e Samarco).

No domingo (22), os acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, afirmaram jamais ter tido conhecimen­to e que nunca admitiriam quaisquer manobras ou dissimulaç­ões contábeis na companhia.

“Assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditáva­mos firmemente que tudo estava absolutame­nte correto”, disseram os três acionistas, que juntos detêm 30,1% das ações da companhia.

Eles foram incluídos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) nas investigaç­ões sobre o caso, em processo que apura se houve omissão de informaçõe­s relevantes no primeiro comunicado sobre o tema, divulgado no dia 11 de janeiro.

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