Folha de S.Paulo

Bicicleta deve ficar mais barata neste ano, após queda de 35% nas vendas em 2022

- Rafael Balago

sÃO paUlO A venda de bicicletas no Brasil caiu 35% em 2022, na comparação com o ano anterior, segundo dados da Aliança Bike, entidade que reúne empresas do setor. No ano passado, foram comerciali­zados 3,77 milhões de unidades, ante 5,8 milhões em 2021.

O cenário, no entanto, pode ser interessan­te para o ciclista que deseja comprar ou trocar seu veículo. A expectativ­a no setor é que os preços caiam em 2023.

As vendas de bicicleta tiveram forte alta depois da pandemia. O setor passou de uma média de 4 milhões de unidades por ano para 6 milhões. Em 2020, chegou a faltar produto no mercado, por dificuldad­es na importação de peças, consequênc­ia das restrições internacio­nais para conter o coronavíru­s.

“Os anos de 2020 e 2021 tiveram um cresciment­o muito atípico. Era de esperar que em algum momento houvesse uma queda, mas voltamos ao patamar de antes da pandemia”, diz Daniel Guth, diretor-executivo da Aliança Bike.

Ele aponta que as condições da economia, como a inflação e os juros altos, reduziram o poder de compra das famílias e, consequent­emente, a venda de bicicletas. A maior queda foi registrada justamente nos modelos de entrada, que custam de R$ 800 a R$ 2.000.

Na avaliação de Guth, 2023 deverá ser um ano de cresciment­o e o mercado pode se estabiliza­r em um patamar superior ao pré-pandemia, com comerciali­zação anual de 5 milhões de unidades.

“O uso da bicicleta para mobilidade urbana e as bicicletas elétricas estão em grande ascensão no mundo. No Brasil ainda são mercados reduzidos, mas devem crescer exponencia­lmente.”

Em 2022, o preço das bicicletas subiu 7,47%, segundo dados do IPCA. E o custo dos serviços de conserto delas aumentou 10,17% no ano. A inflação geral foi de 5,79%.

Para 2023, há a expectativ­a de queda no preço das bicicletas, por várias razões. As lojas estão com estoques cheios, e problemas de logística que marcaram a pandemia, como a falta de peças, já foram praticamen­te superados. “Conquistam­os algumas desoneraçõ­es importante­s em componente­s usados para montar as bicicletas e que devem ter mais efeito no preço a partir de 2023”, diz Guth.

Na pandemia, muitos consumidor­es compraram uma bike para se exercitar e fazer deslocamen­tos sem a aglomeraçã­o do transporte público. Com a volta ao trabalho presencial, no entanto, parte desse público acabou deixando a bicicleta encostada e resolveu vendê-la. Isso também pressiona os preços para baixo.

O setor de bicicletas é bastante suscetível a variações no dólar, porque cerca de 80% das peças usadas na fabricação são importadas.

Em Manaus, a produção de bicicletas teve queda. Foram fabricadas 599 mil delas em 2022, ante 749 mil em 2021, de acordo com a Abraciclo (associação que reúne fabricante­s de motos, bicicletas e similares).

“Além do desabastec­imento de peças e componente­s, tivemos que ajustar o planejamen­to das unidades fabris para nos adequar à nova demanda do mercado, que pediu por modelos de médio e alto valor agregado”, disse Cyro Gazola, vice-presidente da Abraciclo, em comunicado.

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Rivaldo Gomes - 23.out.22/Folhapress Ciclistas na ciclofaixa de lazer da avenida Paulista, em SP
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Fonte: Aliança Bike. Dados incluem bicicletas novas e usadas

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