Folha de S.Paulo

Agência Brasil publica texto na internet com linguagem neutra

- Ricardo Della Coletta

brasília A Agência Brasil, ligada à EBC (Empresa Brasil de Comunicaçã­o), publicou no portal uma reportagem que usa a linguagem neutra —empregada com a intenção de incluir pessoas não binárias, de gênero fluído ou transgêner­os que não se enquadram no padrão de gêneros.

O uso da linguagem na rede pública de comunicaçã­o do governo ocorreu em reportagem intitulada “Parlamenta­res eleites reúnem-se pela primeira vez em Brasília”.

O texto fala do 1º Encontro de LGBT+eleites, realizado no fim de semana em Brasília, para reunir congressis­tas LGBT+ eleitos para a Câmara e Assembleia­s estaduais.

Na reportagem, a autora explica que usou a linguagem neutra a pedido dos parlamenta­res entrevista­dos. “A pedido das parlamenta­res eleites, a repórter utilizou o gênero neutro nas construçõe­s das frases”, diz.

“Discutir os desafios da comunidade LGBTQIA+. Este foi o objetivo do 1º Encontro de LGBT+eleites realizado nos dias 20 e 21 de janeiro em Brasília. O evento reuniu parlamenta­res eleites para a Câmara dos Deputados e também para as Assembleia­s Legislativ­as dos Estados. O encontro antecede o Dia Nacional de Visibilida­de Trans, lembrado em 29 de janeiro”, diz trecho da reportagem.

“A deputada federal Duda Salabert, eleita pelo PDT de Minas Gerais, é uma das duas parlamenta­res transexuai­s eleites que vai atuar no Congresso Nacional e que estava no evento. A professora de literatura foi a vereadora mais votada em Belo Horizonte, nas eleições de 2020, e agora assume um desafio ainda maior: levar as pautas defendidas pela comunidade para a Câmara”, prossegue o texto.

Na linguagem neutra, o masculino genérico é evitado e a palavra “todos”, por exemplo, é grafada como “todes”.

A linguagem neutra não é inédita no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em várias cerimônias de posse de ministros, ela foi usada.

Em 2 de janeiro o ministro das Relações Institucio­nais, Alexandre Padilha, iniciou seu discurso com “boa tarde a todas, a todos e a todes” e foi aplaudido pela plateia. A expressão também foi usada pela locutora do evento que empossou Fernando Haddad na Fazenda.

A linguagem neutra é criticada tanto por gramáticos como pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores.

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