Folha de S.Paulo

Morte de Moïse completa um ano e réus esperam julgamento

- Bruna Fantti

rio de janeiro A morte de Moïse Kabagambe, 24, imigrante congolês morto a pauladas na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, completou um ano nesta terça-feira (24). Três homens estão presos e aguardam decisão da Justiça para saber se vão a júri popular ou não.

Enquanto isso, a família de Moïse organiza atos em memória do refugiado.

“Não temos informação de quando será o julgamento, de como está o andamento do processo”, afirmou Francys Amouri, primo de Moïse. “Na nossa cultura primos são irmãos, por isso o considero meu irmão”, explicou.

De acordo com Francys, que atualmente mora em Portland, nos Estados Unidos, a família chegou a ficar dois meses em um hotel com medo de represália­s. Com a repercussã­o do caso, a Prefeitura do Rio concedeu um quiosque no Parque Madureira, zona norte, para a família administra­r o comércio.

“Fui embora do Brasil pela falta de oportunida­de. O quiosque a família está levando, início é sempre difícil, mas ele está funcionand­o”, afirmou.

O processo segue os trâmites na 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. “Está em fase alegações finais da defesa, na fase de pronúncia. O juiz dará uma sentença se pronuncia ou não os réus para o júri [popular]. E, assim, será marcada uma data para o julgamento”, explicou o promotor Alexandre Graça, responsáve­l pela denúncia. Ele diz que o crime foi praticado com emprego de meio cruel: “A vítima foi agredida como se fosse um animal peçonhento”.

Os réus Fábio Pirineus da

Silva, Brendon Alexander Luz da Silva e Alesson Cristiano de Oliveira Fonseca estão desde desde 22 de fevereiro.

Durante o último ano, alguns advogados renunciara­m à defesa. Foi o caso dos de Alesson e Fábio, que estão agora com defensores públicos. Suas defesas ainda não foram apresentad­as.

Já o defensor de Brendon declarou em outubro as suas alegações. Ele pediu o desmembram­ento do processo alegando que Brendon não participou ativamente das agressões. A Justiça negou o pedido.

Segundo as investigaç­ões, Brendon “amarrou a vítima e o estrangulo­u com um golpe”.

O juiz atendeu ao pedido da mãe de Moïse, Lotsove Lolo Lay Ivonne, para ser assistente de acusação no caso.

Moïse chegou no Brasil em 2011, aos 13 anos, junto com 3 dos seus 11 irmãos. Veio como refugiado da República Democrátic­a do Congo.

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Mauro Pimentel/AFP Amigos e parentes de Moïse Kabagambe prestam homenagem no Rio

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