Promotoria recupera US$ 60 mi desviados em gestão Maluf
são paulo Mais de 20 anos após o escândalo de desvios de verbas em obras da Prefeitura de São Paulo na gestão de Paulo Maluf, 91, de 1993 a 1996, o Ministério Público paulista assinou nesta terça-feira (24) um acordo para recuperação de US$ 44 milhões (cerca de R$ 227,4 milhões) aos cofres municipais.
A devolução do dinheiro é referente a desvios na construção da avenida Água Espraiada, hoje chamada Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital, e no túnel Ayrton Senna.
Em 2017, o ex-prefeito foi condenado a nove anos e sete meses de prisão pelo caso. Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar.
O acordo é assinado por representantes do Ministério Público, da prefeitura, da empresa Eucatex (pertencente à família Maluf ) e das offshores Kildare, Durant e MacDoel, que serviram de intermediárias para que o dinheiro desviado dos cofres públicos nos anos 1990 fosse direcionado à empresa da família.
O valor total do acordo, que chega a US$ 60 milhões (cerca de R$ 310 milhões), também cobre custas dos processos internacionais que envolveram o caso.
Somado a acordos com bancos internacionais que chegaram a US$ 55 milhões e a outras repatriações que envolvem o caso, a Promotoria paulista calcula que o total recuperado no caso é de mais de US$ 100 milhões. É menos do que o valor do prejuízo ao município com os desvios, que, segundo o Ministério Público, chegou a mais de US$ 300 milhões.
As três offshores devem ser liquidadas e a Eucatex será excluída dos processos judiciais que a Promotoria move no caso, além de ter as contas desbloqueadas. A empresa da família Maluf vai pagar US$ 7 milhões do próprio caixa.
“O acordo não exclui ninguém da família Maluf [dos processos]”, disse o promotor Silvio Marques, da Promotoria do Patrimônio Público. “Faltam pelo menos US$ 250 milhões, que a família Maluf tem para pagar.”
O pagamento à prefeitura e às partes dos processos no exterior será intermediado pelo banco BTG Pactual. O banco vai adquirir ações da Eucatex que pertenciam às offshores.
O acordo ainda tem de ser homologado pelo juízo da 4ª Vara de Fazenda Pública da capital. Depois disso, os valores são pagos à vista à prefeitura e às partes no exterior.