Zelenski faz primeiro expurgo no governo desde invasão russa
A um mês do aniversário de primeiro ano da invasão russa da Ucrânia, o governo de Volodimir Zelenski iniciou um expurgo de autoridades acusadas de corrupção ou má gestão. Membros de ministérios e pelo menos cinco governadores regionais foram demitidos ou deixaram seus cargos.
O verniz daquilo que o assessor presidencial Mikhailo Podoliak chamou de sintonia do chefe com os desejos da sociedade parece aplicado para aplacar as críticas constantes de governos ocidentais acerca do grau de corrupção do governo, abafadas pela necessidade de união contra os russos.
A mudança vem justamente quando a Otan, a aliança militar do Ocidente, debate intensamente os prós e os contras de escalar sua ajuda militar a Kiev com o envio de tanques de guerra alemães para o conflito.
Por outro lado, pelo mesmo congelamento das tensões internas na Ucrânia devido à invasão, Zelenski pode estar promovendo o expurgo para alinhar forças em torno de si. O impacto da guerra costuma ofuscar o fato de que o presidente era impopular e enfraquecido pela luta entre facções de seu governo.
“As decisões de Zelenski testemunham as prioridades-chave do Estado. O presidente ouve a sociedade e responde diretamente a uma demanda pública central: justiça para todos”, disse Podoliak.
A cabeça mais vistosa até aqui é a de Kirilo Timochenko, um aliado da campanha eleitoral do presidente em 2019 que era o adjunto da chefia de gabinete de Zelenski. Ao longo da guerra, ele foi criticado pela mídia local por se deixar fotografar dirigindo carros esportivos.
Houve duas baixas mais sérias por acusações de corrupção: o vice-ministro da Defesa, Viacheslav Chapovalov, foi acusado de inflacionar preços de comida para tropas, e o vice-ministro das Regiões, Vasil Lozinski, admitiu ter recebido US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões) em suborno.
Caíram também o procurador-geral adjunto, Oleskii Simonenko, que tirou férias na Espanha com a família recentemente, e vice-ministros do Desenvolvimento, da Comunidade, da Economia e da Política Social, todos por má gestão e suspeitas de corrupção.
Também foram afastados os governadores de Kiev, Dnipopetrovsk, Sumi, Kherson e Zaporíjia, as duas últimas anexadas ilegalmente por Putin.