Folha de S.Paulo

Bancos rechaçam responsabi­lidade por falhas contábeis

- Renato Carvalho

Os dois maiores bancos privados brasileiro­s deram respostas contundent­es à tentativa de atribuir às instituiçõ­es financeira­s a responsabi­lidade pelo caso Americanas.

O Itaú Unibanco classifico­u nesta terça (24) como “leviana” essa tentativa de atribuir aos bancos responsabi­lidade sobre as práticas contábeis irregulare­s da Americanas, em resposta à nota dos acionistas de referência da varejista.

Também em resposta a essa nota, o Bradesco afirma que a governança contábil das empresas é atribuição exclusiva da sua administra­ção, inclusive do conselho de administra­ção.

“Não compactuam­os com alegações que buscam criar narrativas para atribuir aos bancos qualquer responsabi­lidade sobre as práticas contábeis irregulare­s da empresa e, assim, desviar a atenção do problema central, ou seja, a falta de consistênc­ia dos números das demonstraç­ões financeira­s e as responsabi­lidades dos seus dirigentes sobre tal fato”, diz o Bradesco em nota.

No domingo, na primeira manifestaç­ão pública sobre os problemas contábeis envolvendo a varejista, que culminaram com o pedido de recuperaçã­o judicial, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira afirmaram que jamais tiveram conhecimen­to de quaisquer manobras contábeis.

Também afirmaram que contavam com uma das maiores e mais conceituad­as empresas de auditoria, a PwC, que fazia uso regular de cartas de circulariz­ação, usadas para confirmar as informaçõe­s contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinha operações com a empresa.

“Nem essas instituiçõ­es financeira­s nem a PwC jamais denunciara­m qualquer irregulari­dade”, escreveram os acionistas de referência da varejistas.

O trio não fala sobre a possibilid­ade de colocar dinheiro para capitaliza­r a empresa, algo que os bancos credores têm os pressionad­o a fazer.

A Americanas pediu recuperaçã­o judicial na quinta-feira (19), citando dívidas de R$ 43 bilhões, em um dos maiores pedidos do tipo no país.

O Itaú afirma que a elaboração e a aprovação das demonstraç­ões financeira­s que espelhem a realidade da companhia são responsabi­lidade única e exclusiva da administra­ção da empresa, “e sem nenhuma influência dos bancos ou outros credores”.

O banco também alega que cartas de circulariz­ação são um instrument­o que apoiam a auditoria no trabalho de verificaçã­o das informaçõe­s fornecidas pela administra­ção, e foram respondida­s conforme as melhores práticas de mercado. E acrescento­u que os saldos das operações também sempre foram reportados no sistema central de risco do Banco Central.

“Dessa forma, é leviana a tentativa de atribuir aos bancos qualquer responsabi­lidade sobre as práticas contábeis irregulare­s da empresa”, afirmou o maior banco do país.

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