Território tem quase 10 mi de hectares e abriga mais de 28 mil
SÃO PAULO A Terra Indígena Yanomami foi demarcada em um decreto de 25 de maio de 1992, na gestão do então presidente Fernando Collor de Mello, e possui superfície de 9.664.975,48 hectares e perímetro de 3.370 quilômetros, sendo a maior reserva indígena do Brasil.
Ela está localizada nos municípios de Boa Vista, Alto Alegre, Mucajaí e Caracaraí, no noroeste de Roraima, e Santa Izabel do Rio Negro, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, no norte do Amazonas.
Segundo o relatório final do gabinete de transição, há no local 371 comunidades, com mais de 28,1 mil indígenas, incluindo povos isolados. Também há comunidades do outro lado da fronteira do Brasil, na Venezuela
Profundo conhecedor dos yanomamis, o antropólogo Bruce Albert explica em seus textos que esses povos remetem sua origem à copulação de Omama com a filha do monstro aquático Tëpërësiki, dono das plantas cultivadas.
“A Omama é atribuída a origem das regras da sociedade e da cultura yanomami atual, bem como a criação dos espíritos auxiliares dos pajés: os xapiripë (ou hekurapë). O filho de Omama foi o primeiro xamã. O irmão ciumento e malvado de Omama, Yoasi, deu origem à morte e aos males do mundo”, escreve.
O antropólogo também explica que o etnônimo “yanomami” foi produzido a partir da palavra yanõmami, que, na expressão yanõmami thëpë, significa “seres humanos”. Essa expressão se opõe às categorias yaropë (animais de caça), yai thëpë (seres invisíveis ou sem nome) e napëpë (inimigo, estrangeiro, “branco”).
Tradicionalmente, os yanomamis vivem da caça e da agricultura, mas o avanço do garimpo vem limitando drasticamente essas atividades, conforme tem denunciado o líder Davi Kopenawa, presidente da Hutukara Associação Yanomami, criada para defender o povo indígena.
“O mundo branco quer dinheiro e nós, os povos indígenas, queremos nossa terra, nossa floresta, nossa saúde, nossa língua, nosso costume, nosso conhecimento. Mas branco não quer deixar”, disse Kopenawa à Folha em maio de 2022, em entrevista sobre o livro “A Queda do Céu”.