Folha de S.Paulo

Território tem quase 10 mi de hectares e abriga mais de 28 mil

- Stefhanie Piovezan

SÃO PAULO A Terra Indígena Yanomami foi demarcada em um decreto de 25 de maio de 1992, na gestão do então presidente Fernando Collor de Mello, e possui superfície de 9.664.975,48 hectares e perímetro de 3.370 quilômetro­s, sendo a maior reserva indígena do Brasil.

Ela está localizada nos municípios de Boa Vista, Alto Alegre, Mucajaí e Caracaraí, no noroeste de Roraima, e Santa Izabel do Rio Negro, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, no norte do Amazonas.

Segundo o relatório final do gabinete de transição, há no local 371 comunidade­s, com mais de 28,1 mil indígenas, incluindo povos isolados. Também há comunidade­s do outro lado da fronteira do Brasil, na Venezuela

Profundo conhecedor dos yanomamis, o antropólog­o Bruce Albert explica em seus textos que esses povos remetem sua origem à copulação de Omama com a filha do monstro aquático Tëpërësiki, dono das plantas cultivadas.

“A Omama é atribuída a origem das regras da sociedade e da cultura yanomami atual, bem como a criação dos espíritos auxiliares dos pajés: os xapiripë (ou hekurapë). O filho de Omama foi o primeiro xamã. O irmão ciumento e malvado de Omama, Yoasi, deu origem à morte e aos males do mundo”, escreve.

O antropólog­o também explica que o etnônimo “yanomami” foi produzido a partir da palavra yanõmami, que, na expressão yanõmami thëpë, significa “seres humanos”. Essa expressão se opõe às categorias yaropë (animais de caça), yai thëpë (seres invisíveis ou sem nome) e napëpë (inimigo, estrangeir­o, “branco”).

Tradiciona­lmente, os yanomamis vivem da caça e da agricultur­a, mas o avanço do garimpo vem limitando drasticame­nte essas atividades, conforme tem denunciado o líder Davi Kopenawa, presidente da Hutukara Associação Yanomami, criada para defender o povo indígena.

“O mundo branco quer dinheiro e nós, os povos indígenas, queremos nossa terra, nossa floresta, nossa saúde, nossa língua, nosso costume, nosso conhecimen­to. Mas branco não quer deixar”, disse Kopenawa à Folha em maio de 2022, em entrevista sobre o livro “A Queda do Céu”.

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