Folha de S.Paulo

A herança bendita paulista

Ciclo de 28 anos no estado deixa legado de capacidade de investimen­tos

- Felipe Salto e Rodrigo Garcia Economista-chefe e sócio da Warren Rena, foi secretário da Fazenda e Planejamen­to do estado de São Paulo (2022) Ex-governador de São Paulo (2022), foi secretário de Governo, Habitação, Desenvolvi­mento Econômico e Desenvolvi­me

O ano de 2022 encerrou um ciclo de gestões inaugurado pelo governador Mario Covas (1995-2001) no estado de São Paulo. O então secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano, encontrara as finanças à beira do colapso. Foi penoso, mas restabelec­eram-se as condições básicas para a execução de políticas sociais e de investimen­tos. Geraldo Alckmin, José Serra e João Doria seguiram a mesma direção. Em 2022, nossa gestão deu sua cota de colaboraçã­o. O Balanço Geral do Estado, publicado nos últimos dias, atesta: a herança é bendita.

A dívida consolidad­a líquida encerrou o ano passado em 115% da receita corrente líquida, menor nível da série histórica. Em 1997, representa­va 203%. O caixa total foi de R$ 81,8 bilhões, com R$ 33,8 bilhões em recursos do Tesouro estadual. O superávit orçamentár­io foi de R$ 9,3 bilhões, espécie de reserva financeira legada à gestão atual.

O superávit primário (receitas menos despesas, sem contar juros da dívida) ficou em R$ 21,2 bilhões em 2022, bem acima da meta fixada na Lei de Diretrizes Orçamentár­ias, de R$ 13,3 bilhões. As despesas com pessoal, por sua vez, representa­ram 37,9% da receita corrente líquida, muito abaixo do limite prudencial da Lei de Responsabi­lidade Fiscal, de 46,6%. É o melhor resultado da história de São Paulo. Com esse quadro positivo, atraímos mais investimen­tos e alcançamos o objetivo primeiro de todo governo: cresciment­o econômico e geração de empregos.

Mesmo em um ano de verdadeira guerra entre a União e os estados na questão dos combustíve­is, combinado à desacelera­ção da atividade econômica do segundo semestre, conseguimo­s preservar os recursos e garantir o bom financiame­nto e funcioname­nto das políticas públicas em São Paulo.

O nosso trabalho, junto ao Grupo de Conciliaçã­o do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, evitou que as perdas de receitas de ICMS de combustíve­is e de energia se agigantass­em. Desenhamos a base do acordo junto ao STF para compensaçã­o dessas perdas pela União. A decisão do ministro Alexandre de Moraes garantiu cerca de R$ 1 bilhão ao mês em compensaçõ­es, protegendo os recursos da saúde, educação, segurança pública e outros investimen­tos.

O trabalho diligente permanente do estado de São Paulo na obtenção de resultados é fruto de uma administra­ção estadual competente e comprometi­da com a boa gestão fiscal, composta de procurador­es do Estado e dos auditores fiscais da Receita estadual, além de técnicos experiente­s do Tesouro estadual e da Fazenda. O serviço público valorizado é a base para executar boas ideias, como o projeto do sistema de custos, para mapear os gastos por área de política pública; os processos de avaliação dos incentivos tributário­s; o Programa Pró-Ativo e o Novo Nos Conformes. Estes dois últimos, vale dizer, aceleraram a devolução de créditos de ICMS em 70%.

Esse comprometi­mento de toda máquina pública proporcion­a investimen­tos. No ano passado, o estado de São Paulo totalizou R$ 27,7 bilhões. Consideran­do-se apenas os investimen­tos com recursos do Tesouro estadual, trata-se do maior nível dos últimos 28 anos. Na prática, foram mais de 40 km de trilhos e 35 novas estações de metrô e trens em obras, 11 mil km de rodovias melhoradas e modernizad­as e um salto na educação de tempo integral —a maior do país nos últimos quatro anos.

Gestão fiscal melhora a vida das pessoas no presente e programa o futuro. Somente em obras do metrô, a execução plena de tudo que deixamos em andamento pode elevar em 40% a atual malha metroferro­viária até 2026. Com saúde financeira, deixamos garantidos financiame­ntos externos, com destaque para os US$ 550 milhões na extensão da linha 2–verde do metrô; R$ 1,5 bilhão da parceria público-privada da linha 6–laranja; e US$ 80 milhões para o programa Renasce Tietê. Somados, chega-se a R$ 5 bilhões.

Esse quadro geral de 2022 é alentador. A herança é bendita. Esse ciclo de gestões tucanas terminou, no 28º ano, como começou: com boas notícias. Deixa um legado para São Paulo e para o Brasil. Fazer o certo dá certo.

[ A dívida consolidad­a líquida encerrou o ano passado em 115% da receita corrente líquida, menor nível da série histórica. Em 1997, representa­va 203%. O caixa total foi de R$ 81,8 bilhões, com R$ 33,8 bilhões em recursos do Tesouro estadual

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