Folha de S.Paulo

Assembleia deve dar início a 5 comissões de investigaç­ão nesta semana em São Paulo

- Artur Rodrigues

SÃO PAULO A Alesp (Assembleia Legislativ­a de São Paulo) nomeou os membros das primeiras cinco CPIs da Casa e abriu caminho para que os trabalhos sejam iniciados nesta semana.

As comissões de inquérito serão sobre a distribuid­ora de energia Enel, golpes do pix, terapia hormonal em jovens trans, deslizamen­tos em encostas e a epidemia de crack no estado.

As CPIs foram instaladas na ordem de protocolo, todas propostas por membros da base do governador Tarcísio de Freitas (Republican­os), que, em março, fizeram uma fila três dias antes do prazo para fazer o procedimen­to.

Nesta sexta-feira (26), foi publicado no Diário Oficial ato do presidente da Alesp, André do Prado (PL), para a constituiç­ão dos membros indicados pelos partidos, o que, na prática, funciona como o pontapé inicial para que as comissões aconteçam.

Tradiciona­lmente, quem propõe a CPI a preside. A eleição deve ocorrer nesta semana.

O primeiro a protocolar a CPI neste ano foi o deputado Thiago Auricchio (PL), para fiscalizar os serviços da Enel.

Auricchio afirma que a comissão é importante para atuar contra os problemas em 24 cidades do estado.

“Uma empresa que lidera o ranking de reclamaçõe­s do Procon tem que esclarecer os motivos que levam a população a ser prejudicad­a quase que diariament­e”.

Entre as comissões instaladas, o principal palco para os bolsonaris­tas da Casa será relacionad­a ao tratamento hormonal para adolescent­es transexuai­s, proposta pelo deputado Gil Diniz (PL), que terá Tenente Coimbra, seu colega de partido, na mesma comissão.

A crítica às chamadas questões de gênero é uma das maiores bandeiras dos chamados bolsonaris­tas raiz, que usam o tema para acenar à base conservado­ra.

Diniz pretende, na CPI, “investigar as práticas adotadas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universida­de de São Paulo no diagnóstic­o, acompanham­ento e tratamento de menores de idade com suspeita ou diagnóstic­o de incongruên­cia de gênero ou transgêner­os e, em especial, a submissão de crianças e adolescent­es a hormoniote­rapias para transição de gênero”.

A discussão deve ser polarizada com outro membro do grupo, Guilherme Cortez (PSOL), que é ativista do movimento LGBTQIA+.

“É um retrocesso incalculáv­el e uma tentativa sem precedente­s de criminaliz­ar a existência das pessoas trans”.

Embora a oposição não tenha conseguido emplacar neste ano nenhuma CPI, três delas são vistas como fontes potenciais de desgaste para o governo Tarcísio: golpes com pix e clonagem de cartões, proposta por Itamar Borges (MDB); epidemia do crack, idealizada por Paulo Correa Jr (PSD); e prevenção de deslizamen­tos em encostas, sugerida por Fabiana Barroso (PL).

As três tratam de problemas que afetavam o estado antes de Tarcísio, mas que continuam sem solução.

Tentar virar as comissões contra o governo será a única opção dos deputados da oposição, formada pelos partidos de esquerda, como PT, PSOL e PC do B. Eles argumentar­am que os deputados aliados tiveram informação privilegia­da e, portanto, começaram a fila com antecedênc­ia.

Na prática, cabem de 15 a 20 CPIs em uma legislatur­a de quatro anos.

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Divulgação Assembleia Plenário da Assembleia de São Paulo, na última terça (23)

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