C919 ‘desafia’ Airbus e Boeing com 1º voo comercial na China
A imprensa chinesa amanheceu com imagens do primeiro voo comercial do C919, aeronave desenvolvida pela Comac para concorrer com a europeia Airbus e a americana Boeing. O avião, da companhia China Eastern Airlines, partiu às 10h32 do Aeroporto Internacional de Xangai Hongqiao para o Aeroporto Internacional de Pequim-Capital.
Sob a mesma manchete “Decolou!”, no site do tabloide Huangiu, versão em chinês do Global Times, de Pequim, e no portal Guancha, de Xangai,
ambos com vídeos gerados pela rede estatal CCTV, o avião transportou cerca de 130 passageiros por duas horas e meia. Nos enunciados posteriores, “Chega sem problemas”.
O Xin Jing Bao (Beijing News) manchetou com vídeos próprios. Mostrou seu repórter com a passagem na hora do embarque e depois, da pista, a tripulação balançando a bandeira chinesa na porta do avião. No final, ao vivo de dentro da cabine, o jornalista mostrou o avião taxiando na capital chinesa, a “saudação de água” que recebeu e os aplausos dos passageiros.
No dizer do Pengpai Xinwen (The Paper), de Xangai, “antes do C919, o mercado global era dominado por Airbus e Boeing, agora elas foram desafiadas: além de A (Airbus) e B (Boeing), agora há C (Comac)”.
A empresa americana, que busca recuperar mercado na China, parabenizou a concorrente chinesa e a companhia aérea em seu perfil no Weibo. A Comac agradeceu com emoji de coração. E um netizen reagiu, com emoji de risada: “Vocês sabem no fundo que quem vende bem não é bom para a outra parte!”.
Nesta segunda (29), a China Eastern, sediada em Xangai, inicia com o C919 a linha regular entre Hongqiao e o Aeroporto Internacional de Chengdu Tianfu, no Sudoeste, a três horas de viagem. As passagens de classe econômica, segundo o Pengpai Xinwen, estão sendo vendidas a 919 yuans, cerca de 650 reais.
Hong Kong sem cobertor Em incidente que ocupou mídia social e tradicional, comissários de bordo da Cathay Airways foram gravados conversando sobre passageiros que só falam mandarim, num voo de Chengdu para Hong Kong, entre risadas: “Se você não pode dizer ‘blanket’ [cobertor em inglês], não pode tê-lo”.
As ações caíram, o CEO da companhia de Hong Kong se desculpou três vezes, assim como o governo da cidade. Foi a notícia mais lida do South China Morning Post na semana e ainda uma das mais lidas da Bloomberg. Hong Kong acaba de sair da recessão graças aos turistas chineses.
Um colunista do Guancha levantou a possibilidade de “a aviação civil da China abrir voos diretos de Shenzhen para Europa e EUA”, o que levaria a Cathay a “perder metade dos negócios”. Vizinha de Hong Kong, Shenzhen tem hoje o dobro da população.