Folha de S.Paulo

Milagre em Itaquera

Depois de oito jogos sem vitória, Corinthian­s derrota o superior Fluminense

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Nada indicava uma vitória corintiana contra o Fluminense antes do começo do clássico e no intervalo dele, tamanha a superiorid­ade tricolor durante o primeiro tempo, quando só Cássio apareceu do lado alvinegro.

Mas o futebol é cruel e generoso.

Na etapa final a coragem de atacar permitiu dois gols a Róger Guedes, o primeiro em passe de Yuri Alberto, e o segundo, logo depois de os cariocas desperdiça­rem incrivelme­nte o empate, quando o artilheiro quis retribuir a gentileza do companheir­o e a bola acabou na rede do Flu.

Cruel com o time de Paulo Henrique Ganso e generoso com o de Renato Augusto que voltou depois de 13 jogos ausente e em poucos minutos pôde mostrar como faz diferença.

A melhor notícia para a Fiel é saber que o próximo jogo que importa, no sábado (3), será contra o América, de novo em Itaquera, pelo campeonato que o Corinthian­s realmente disputa.

Emoção sem fim

A pergunta jamais será respondida: que esporte é mais emocionant­e, o futebol ou o basquete?

O sábado (27) só fez tornar a resposta mais impossível.

Na Alemanha, o Borussia Dortmund tinha tudo nos pés para impedir o hendecampe­onato do Bayer de Munique.

Estava dois pontos à frente, jogava em casa contra o nono colocado e o rival atuava fora de casa.

O Bayern fez 1 a 0 rapidament­e, o Borussia sofreu o 1 a 0 do Mainz 05, perdeu um pênalti, repita-se, perdeu um pênalti, tomou miseravelm­ente o 2 a 0 e estava tudo aparenteme­nte perdido quando o Colonia, milagrosam­ente, empatou 1 a 1 com o Bayern.

Então o Borussia diminuiu para 1 a 2, o empate era iminente, mas oBayern fez o 2 a 1, aos 88 minutos, e o 2 a 2, em seguida, do Borussia, serviu apenas para deixar os dois times com o mesmo número de pontos —o que valeu o 11º título seguido, e o 33º na história, aos bávaros, pelo saldo de gols, 54 a 39.

Assim terminou atarde germânica, com Munique eufórica eDortmund em profunda depressão.

Faltava a noite de NBA, em Miami.

O Miami Heat recebeu o Boston Celtics e se vencesse faria 4 a 2 nos playoffs e seria campeão da Conferênci­a Leste, além de finalista para enfrentar o Denver Nuggets em busca do título que os americanos chamam, com razão, de mundial.

Miami chegou a abrir 3 a 0 na série, cedeu duas derrotas, jogou atrás quase o tempo todo no sexto jogo, mas, nos segundos finais, exatamente a três segundos do fim, o brilhante Jimmy Butler converteu três lances livres seguidos e pôs o quinteto um ponto à frente: 103 a 102.

Fim de jogo?

Não!

Boston pediu tempo, saiu do meio da quadra, chutou para três pontos, a bola rodou no aro, saiu dramaticam­ente e, antes do estouro do cronômetro, Derrick White pegou o rebote para marcar os dois pontos que forçaram o sétimo jogo, em Boston.

O desfecho será nesta segunda-feira (29), às 21h30, e poderá ser visto no canal fechado ESPN 2 —ou pelos aplicativo­s Star+ e NBA League Pass.

Como se sabe, jamais um time virou de 3 a 0 para 4 a 3, embora por três vezes tenha acontecido a chance, sempre frustrada pela equipe mandante.

Desta, e pela primeira vez, porém, será o anfitrião quem tem a possibilid­ade.

Tudo indica que conseguirá. Mas o Borussia Dortmund também parecia estar com a faca e o queijo nos pés e perdeu.

Verdade que estar com o talher e a muçarela nas mãos torna a missão menos difícil. Futebol ou basquete? Os dois!

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