Folha de S.Paulo

O time do Corinthian­s não é tão ruim como parece

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O Corinthian­s passou 90 minutos contra o Argentinos Juniors e 50 contra o Fluminense sem chutar nem sequer uma bola na meta do adversário. Maycon acertou o alvo e obrigou Fábio à sua primeira defesa, aos 5 do 2º tempo. Nove minutos depois, Róger Guedes marcou e ajudou a sacramenta­r a 1ª vitória de Luxemburgo: Corinthian­s 2 x 0 Fluminense.

Em nenhum trabalho anterior, o treinador tinha passado sete jogos para conseguir um triunfo. Há oito meses, com 11 titulares que seguem no elenco, o Corinthian­s venceu o Fluminense sob o comando de contestado Vítor Pereira e chutando 15 vezes contra o gol de Fábio.

Se o mesmo elenco corintiano foi vice da Copa do Brasil e por um erro de cobrança nos pênaltis, o fiasco corintiano na atual temporada não pode se dever apenas à qualidade de seus jogadores. Ainda que seja necessário o alerta de a montagem ter sido desequilib­rada e abusando das contrataçõ­es de ídolos do passado.

Um velho clichê usado por nós, jornalista­s, é de que um time precisa de reforços, em toda sequência sem vitórias. A mudança de desempenho do Corinthian­s vice da Copa do Brasil para o atual –e do 1º para o 2º tempo contra o Fluminense– mostra que há muito mais mistérios dentro de um vestiário do que supõe nossa filosofia.

O São Paulo é o exemplo melhor acabado. Invicto há 12 partidas, 11 delas sob o comando de Dorival Júnior, o time não tem uma revolução tática, mas de ambiente. Rogério Ceni será um grande treinador quando conseguir ser mais líder do que chefe.

Dorival recebeu a missão de recuperar o ambiente do vestiário. Não desenhou um losango no meio de campo como funcionou no Flamengo, porque percebeu caracterís­ticas diferentes em seu grupo de jogadores atual. Já recuperou alguns que pareciam condenados, como Gabriel Neves e Alisson, melhorou Marcos Paulo.

Sob nova direção, o São Paulo marcou 18 vezes e sofreu cinco em 11 partidas.

Não é mentira que os técnicos brasileiro­s perderam terreno nos conceitos teóricos e que hoje os mais modernos bebem da literatura de Portugal, o que faz muita gente querer mudar nomes de posições, de ponta para esterno ou extremo, ao passo que os ingleses seguem chamando de winger, como faziam há 50 anos.

Também é fato que os jogadores do Brasil voltam da Europa com a preguiça de trabalhar no mesmo nível exigido lá. O momento atual de Sampaoli, técnico excelente de resultados risíveis, mostra que o planejamen­to dos clubes e o respeito pelas etapas de trabalho são importante­s. O Palmeiras de Abel Ferreira era criticado há dois anos e alcançou nível de excelência com acréscimos de treinos e do cardápio de estratégia­s. O mesmo vale para o Fluminense, de Fernando Diniz, apesar dos 4 jogos sem vencer e sem fazer gols.

Pela 1ª vez na história dos pontos corridos, o Brasileiro tem 6 técnicos há um ano no cargo. Taticament­e, o campeonato está melhor do que já foi, embora ainda tenha muito para melhorar. Luxemburgo não é sombra do que foi, mas os 7 jogos sem vencer representa­m mais a crise corintiana do que sua falência como treinador.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil