Folha de S.Paulo

EUA prometem construir porto flutuante para apoiar civis em até 2 meses

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SÃO PAULO O porto flutuante que vai ser construído pelas Forças Armadas dos Estados Unidos na Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitári­a por mar ao território pode demorar até dois meses para ficar pronto, disse o Pentágono nesta sexta-feira (8).

A medida foi anunciada na quinta-feira (7) pelo presidente americano, Joe Biden, em seu discurso anual ao Congresso. O planejamen­to da operação será realizado a partir da ilha de Chipre e não prevê o envio de militares dos EUA a Gaza, território sob ataque intenso de Israel há cinco meses e onde já morreram mais de 30 mil palestinos.

O anúncio de Biden acontece no momento em que ele busca apaziguar críticas do eleitorado mais à esquerda e de setores do Partido Democrata pelo forte apoio militar e diplomátic­o que Washington histórico presta a Tel Aviv desde o início da guerra contra o Hamas. Entretanto, o plano tem sofrido fortes críticas de especialis­tas.

O porto planejado pelos EUA vai ser construído por engenheiro­s militares americanos e envolver mil soldados do país, segundo o Pentágono, e ainda não tem estimativa de custo. Ele deve ficar localizado na antiga marina do Porto de Gaza, no distrito de Rimal. Mas o prazo de dois meses até que fique pronto torna a medida ineficaz para solucionar a grave fome pela qual passa o território neste momento.

Michael Fakhri, relator especial da ONU pelo direito à alimentaçã­o, disse que planos como esse e a entrega de suprimento­s pelo ar são “absurdos” e “cínicos” dado o forte apoio militar prestado pelos EUA a Israel durante a guerra. Desde o início do conflito, os EUA já enviaram cerca de 21 mil munições de precisão e mais de US$ 4 bilhões em auxílio militar, de acordo com o Pentágono.

“Entregas por ar, por exemplo, fazem muito pouco para aliviar a desnutriçã­o e quase nada para conter a crise humanitári­a”, disse Fakhri nesta sexta em Genebra, na Suíça.

O líder do partido político da Cisjordâni­a Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, disse à rede Al Jazeera que o plano dos EUA “não é novo” e não passa de distração. “A comunidade internacio­nal não tem feito nada para pressionar Israel a suspender o bloqueio a Gaza e permitir a entrada de ajuda”, disse.

Um oficial israelense disse nesta sexta-feira que Israel “apoia totalmente o envio de um cais temporário” na costa de Gaza. Os Estados Unidos confirmara­m que Tel Aviv vai ficar responsáve­l pela segurança da estrutura.

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