Folha de S.Paulo

Crise no Haiti ameaça vida de milhares de grávidas, afirma ONU

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CIDADE DO MÉXICO | REUTERS Mais de 3.000 mulheres grávidas correm risco de ficar sem cuidados básicos de saúde em Porto Príncipe, capital do Haiti, por conta da escalada de violência promovida por gangues há quase uma semana, alertou na sexta (8) a ONU.

O país vive uma nova crise de segurança que começou no último domingo (3), quando grupos criminosos invadiram uma prisão de Porto Príncipe e libertaram mais de 4.000 presos. Desde então, forças de segurança e membros de gangues entraram em conflito em vários pontos da cidade, paralisand­o o porto e o aeroporto da capital e impedindo o fluxo de mercadoria­s e suprimento­s.

O Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (Binuh) disse que, se a situação continuar, cerca de 450 mulheres em Porto Príncipe correm o risco de morrer por complicaçõ­es relacionad­as à gravidez, enquanto cerca de 500 sobreviven­tes de violência sexual podem ficar sem atendiment­o médico até o final do mês.

De acordo com a agência de notícias Reuters, relatos de estupros coletivos cometidos pelas gangues têm se espalhado no país. Por medo de retaliação, poucas vítimas denunciam oficialmen­te casos do tipo.

“A violência sexual contra mulheres e meninas é usada como uma arma de guerra”, disse a agência da ONU. O Binuh diz que não tem conseguido trabalhar para impedir a violência de gênero em campos de refugiados internos no Haiti por razões de segurança.

Segundo as Nações Unidas, faltam pessoal, equipament­o médico, remédios e sangue para transfusão e tratamento de pessoas baleadas. Com o fechamento do porto da capital, o sistema de transporte marítimo da própria ONU é o único meio de entregar comida e remédios à cidade.

O governo do Haiti estendeu na quinta-feira (7) o estado de emergência na capital por um mês, incluindo um toque de recolher das 18h às 5h. As gangues exigem a renúncia do premiê, Ariel Henry, que está fora do país, e ameaçam iniciar uma guerra civil.

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