Endometriose atinge uma uma em cada dez mulheres no mundo
Cólicas intensas, dores nas pernas e na lombar, cansaço extremo, desconforto gastrointestinal e até desmaios são alguns dos sintomas que perseguiram a pedagoga e professora bilíngue Maria Eugênia Costa, 32, desde a adolescência. Foram dez anos de dor e um ovário removido antes de descobrir a endometriose, doença inflamatória sem cura em que um tecido semelhante ao endométrio (revestimento da parte interna do útero) se desenvolve fora do útero.
“Foi superdifícil chegar ao diagnóstico. Passei em diversos ginecologistas, inclusive no PS [Pronto Socorro] de muitos hospitais, que me diziam que eu tinha infecção intestinal ou infecção pélvica, ou estresse ou cisto”, lembra Costa. Já adulta, em 2017, enfim encontrou uma profissional especializada e pode fazer o tratamento.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), uma em cada dez mulheres no mundo tem endometriose ou o equivalente a 190 milhões de pessoas em idade reprodutiva.
Crônica, a doença pode levar a quadros de depressão, ansiedade e infertilidade.
No Reino Unido, um levantamento com 2.000 entrevistadas mostrou que 75% das mulheres com sintomas de endometriose não buscam ajuda profissional e mais de um quinto se preocupava em não ser levada a sério pelos médicos, revelando que temas ligados à menstruação e saúde menstrual ainda são um tabu.
A docente Paula Andrea Salles Navarro, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), especialista em infertilidade e reprodução assistida, diz que é preciso investir em educação e na divulgação do problema.
“Endometriose é uma doença muito enigmática, porque há pacientes assintomáticas, e o espectro pode variar muito, afirma.