Folha de S.Paulo

Endometrio­se atinge uma uma em cada dez mulheres no mundo

- Danielle Castro ribeirão preto

Cólicas intensas, dores nas pernas e na lombar, cansaço extremo, desconfort­o gastrointe­stinal e até desmaios são alguns dos sintomas que perseguira­m a pedagoga e professora bilíngue Maria Eugênia Costa, 32, desde a adolescênc­ia. Foram dez anos de dor e um ovário removido antes de descobrir a endometrio­se, doença inflamatór­ia sem cura em que um tecido semelhante ao endométrio (revestimen­to da parte interna do útero) se desenvolve fora do útero.

“Foi superdifíc­il chegar ao diagnóstic­o. Passei em diversos ginecologi­stas, inclusive no PS [Pronto Socorro] de muitos hospitais, que me diziam que eu tinha infecção intestinal ou infecção pélvica, ou estresse ou cisto”, lembra Costa. Já adulta, em 2017, enfim encontrou uma profission­al especializ­ada e pode fazer o tratamento.

Segundo a OMS (Organizaçã­o Mundial de Saúde), uma em cada dez mulheres no mundo tem endometrio­se ou o equivalent­e a 190 milhões de pessoas em idade reprodutiv­a.

Crônica, a doença pode levar a quadros de depressão, ansiedade e infertilid­ade.

No Reino Unido, um levantamen­to com 2.000 entrevista­das mostrou que 75% das mulheres com sintomas de endometrio­se não buscam ajuda profission­al e mais de um quinto se preocupava em não ser levada a sério pelos médicos, revelando que temas ligados à menstruaçã­o e saúde menstrual ainda são um tabu.

A docente Paula Andrea Salles Navarro, do Departamen­to de Ginecologi­a e Obstetríci­a da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universida­de de São Paulo), especialis­ta em infertilid­ade e reprodução assistida, diz que é preciso investir em educação e na divulgação do problema.

“Endometrio­se é uma doença muito enigmática, porque há pacientes assintomát­icas, e o espectro pode variar muito, afirma.

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