Folha de S.Paulo

Nunca é tarde

- Fábio Zanini painel@grupofolha.com.br Com Danielle Brant e Catarina Scortecci

A Comissão de Anistia marcou para 2 de abril o primeiro julgamento de reparação coletiva da história do país, em que o Estado pedirá desculpas a dois povos indígenas e a um grupo de chineses perseguido­s pela ditadura. A ação se tornou possível após uma mudança no regimento da comissão. Os primeiros casos envolverão os povos krenak e guyraroká. “Esses grupos foram perseguido­s pelo Estado como coletivida­de, como povo”, diz a presidente do órgão, Eneá de Stutz e Almeida.

NUNCA MAIS No caso da reparação coletiva, por uma questão legal, não existe a possibilid­ade de compensaçã­o econômica. “A reparação é simbólica. Mas a gente está contando a história e o Estado está pedindo desculpas. Isso é muito importante. Porque, quando eu peço desculpas, isso é uma garantia de não repetição”, diz a presidente da Comissão.

AMPLA, GERAL... Defendida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a anistia para manifestan­tes que participar­am de atos antidemocr­áticos durante e após a eleição de 2022 é objeto de oito projetos na Câmara e no Senado. O mais conhecido é do senador Hamilton Mourão (Republican­os-rs), específico sobre os responsáve­is pela invasão da praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

...E IRRESTRITA Outros anistiam multas a caminhonei­ros envolvidos em manifestaç­ões bolsonaris­tas e, de forma ampla, todos os que participar­am de atos antidemocr­áticos. Há ainda dois na Câmara que perdoam candidatos condenados pelo TSE por manifestaç­ões em redes sociais.

EQUIVOCADO Secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves critica a orientação do governo Lula (PT) para que ministério­s não façam nem críticas nem atos em memória dos 60 anos do golpe de 1964, em 31 de março deste ano.

REFLITA Ele lembra que, no Brasil, é tradição dos governos democrátic­os buscar justiça e reparação sobre os abusos da ditadura militar, o que ocorre desde a Comissão Especial sobre Mortos e Desapareci­dos Políticos do governofhc. “Pregar o esquecimen­to é um desrespeit­o com quem lutou pela democracia e não produz avanço político e social”, afirma o líder sindical.

BASE A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, intensific­ou as atividades para ajudar pré-candidatos a prefeito e vereador de seu partido, a Rede Sustentabi­lidade, em diversos locais do país. Desde janeiro, ela já esteve em São Gabriel da Cachoeira (AM), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Remígio (PB) e Campina Grande (PB). Outras estão sendo planejadas.

QUADRA Com a filiação do presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, o MDB tem pré-candidatos a prefeitos em quatro das cinco maiores capitais do país. O partido planeja ter nomes disputando também em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador —no top 5, a exceção é Fortaleza. Além destas cidades, o MDB terá candidatos em capitais como Rio Branco (AC), Porto Alegre (RS) e Boa Vista (RR).

CORDÃO... Presidente do INRUA (Instituto Nacional de Direitos Humanos da População de Rua), Leonildo José Monteiro Filho chama de “higienista” nova lei que prevê a internação involuntár­ia para pessoas em situação de rua com dependênci­a química ou transtorno­s mentais em Florianópo­lis (SC), sancionada pelo prefeito Topázio Neto (PSD).

...SANITÁRIO A internação pode se dar com ou sem o consentime­nto da pessoa. Segundo a legislação, os pacientes serão acolhidos por uma equipe multiprofi­ssional e o tratamento deverá abordar “aspectos psicossoci­al, físico, nutriciona­l, integrativ­o e intelectua­l”.

TRABALHO DE CAMPO Estudantes de cursos de engenharia de sete universida­des do Paraná vão a campo em abril junto com auditores do TCE (Tribunal de Contas do Estado) para fiscalizar obras públicas inacabadas no estado.

Três Poderes

VENCEDOR DA SEMANA

O PL, que conquistou o comando de importante­s comissões da Câmara, como as de Constituiç­ão e Justiça e Educação.

PERDEDORA DA SEMANA

A Petrobras, cujas ações despencara­m após a divulgação de balanço com quedas nos lucros e dividendos.

FIQUE DE OLHO

Com agravament­o da crise de dengue, governo mobiliza recursos contra a doença; Fernando Haddad deve enviar ao Congresso projeto sobre setor de eventos, após recuo quanto ao fim do Perse.

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