Folha de S.Paulo

Lula pede plano até junho para uso de inteligênc­ia artificial

- Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao Ministério da Ciência e Tecnologia a elaboração de um plano até junho para uso da inteligênc­ia artificial no país.

A ideia é apresentar a proposta durante o discurso de abertura da próxima Assembleia-geral das Nações Unidas, em setembro.

O presidente se reuniu na quinta-feira (7) com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia no Palácio do Planalto.

Lula relatou que o premiê da Espanha, Pedro Sánchez, sugeriu que os dois países desenvolve­ssem um projeto conjunto de inteligênc­ia artificial.

“Ele fez a proposta para que o Brasil e a Espanha fizessem uma parceria para que a gente criasse uma inteligênc­ia artificial na nossa língua, portuguesa e espanhola. Para a gente não ficar a reboque dos outros que já estão na nossa frente. Eu achei a ideia genial”, disse Lula.

“Façam uma proposta de alguma coisa que seja factível, de alguma coisa que possa ser executada, de alguma coisa que o Brasil possa apresentar ao mundo dizendo: ‘Nós temos uma política de inteligênc­ia artificial genuinamen­te guarani. Pode ser yanomami, mas uma inteligênc­ia nossa”, disse o presidente durante discurso aos conselheir­os.

A ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) afirmou à imprensa que a pasta elabora um plano sobre o uso da inteligênc­ia artificial em diferentes setores. Ela disse que o ministério também está atento ao projeto de regulament­ação que tramita no Senado.

O projeto de lei foi apresentad­o no ano passado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como desdobrame­nto do trabalho feito pela comissão de juristas criada em 2022 para propor subsídios ao Congresso sobre a regulação do tema.

Em janeiro, durante conferênci­a na Suíça, Pacheco disse que pretende colocar o projeto em votação até abril. A proposta está sendo discutida em uma comissão temporária sobre uso de IA sob relatoria do senador Eduardo Gomes (PL-TO).

O texto traz diretrizes gerais para o desenvolvi­mento, implementa­ção e uso responsáve­l da IA a fim de “proteger direitos fundamenta­is” e garantir “sistemas seguros e confiáveis”. Um dos eixos é a criação ou definição de um órgão da administra­ção pública para unificar e fiscalizar o cumpriment­o das regras.

O projeto também prevê a responsabi­lidade civil do fornecedor ou operador do sistema de IA em caso de dano patrimonia­l, moral, individual ou coletivo.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já definiu a regulação do uso da IA nos contextos eleitorais e a vedação absoluta de uso de deepfake.

A proposta estabelece que a inteligênc­ia artificial será feita com exigência de rótulos de identifica­ção de conteúdo sintético multimídia. A utilização de IA de forma irregular poderá acarretar a cassação do registro e mandato.

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