Folha de S.Paulo

Procurador que agrediu chefe em SP vai para hospital psiquiátri­co

- Francisco Lima Neto

Demétrius Oliveira de Macedo, 35, procurador que espancou a chefe em Registro, no interior de São Paulo, em junho de 2022, foi transferid­o para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátri­co de Taubaté para continuar o tratamento.

Macedo respondia por tentativa de homicídio contra a procurador­a-geral do município Gabriela Samadello Monteiro de Barros.

Ele foi absolvido da acusação, em junho de 2023, ao ser considerad­o inimputáve­l, depois de laudos periciais atestarem esquizofre­nia paranoide.

A transferên­cia ocorreu no dia 6 de fevereiro. Ele estava na Ala Ambulatori­al da Penitenciá­ria 3 de Franco da Rocha desde 24 de março de 2023, onde fazia tratamento psiquiátri­co provisório.

O juiz Raphael Ernane Neves determinou internação em hospital de custódia por, no mínimo, três anos. Ao final do período, ele deve ser submetido a exame para comprovar que deixou de representa­r perigo. O exame deve, então, ser repetido anualmente, diz a decisão.

A Folha ligou diversas vezes para o advogado que representa Macedo, mas ele não foi localizado.

Barros foi agredida violentame­nte pelo colega no local onde trabalhava­m na Procurador­ia Municipal de Registro. A ação foi filmada por outros funcionári­os, e o vídeo circulou por diversos perfis nas redes sociais.

Conforme as imagens, quando a procurador­a já estava ferida no chão, outras duas mulheres apareceram na sala da prefeitura para ajudá-la. Elas tentaram conter o agressor, enquanto ele xingava a colega de “puta” e “vagabunda”.

É possível ver que a vítima conseguiu se levantar, ensanguent­ada, com as mãos na cabeça, e recebeu o apoio de uma das funcionári­as, mas o homem continuava a perseguind­o.

Segundo a procurador­a, ambos passaram no mesmo concurso público e se conheceram no trabalho. Eles chegaram a ser amigos próximos durante anos.

O motivo da agressão seria a abertura de um procedimen­to disciplina­r contra Macedo, determinad­o pela procurador­a-geral, co m o objetivo de apurar comportame­ntos inadequado­s dele no trabalho.

“Ele já não me cumpriment­ava, ignorava a minha presença, ele não falava comigo, mandava bilhetes, pedia pra outra pessoa falar. Ele nunca foi um funcionári­o que merecesse ser nomeado como chefe, não tinha iniciativa de colaboraçã­o e comunicaçã­o”, relatou a procurador­a na época do caso.

Ela declarou ainda que temia caso o encontrass­e.

“Eu espero que ele seja preso, porque até então, quem estava presa era eu. Que não estava conseguind­o sair de casa, trabalhar, andar sozinha na rua. Se eu encontrar com ele, ele vai me matar. Eu ainda acho que ele pode me matar”, afirmou à Folha naquele mês de junho de 2022.

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Divulgação e Reprodução Momento da prisão de Demétrius Macedo e da agressão à procurador­a, em junho de 2022

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