Folha de S.Paulo

Presidente volta a cobrar ministros e usa ironia para criticar imprensa

- Renato Machado brasília

O presidente Lula (PT) voltou a cobrar nesta quinta (21) seus ministros para que viajem pelo país, defendam o governo e divulguem suas ações, e não só as de suas respectiva­s pastas.

Em evento com jovens, o petista criticou a imprensa brasileira, que chamou de forma irônica de “gloriosa imprensa democrátic­a”, sugerindo que os veículos de comunicaçã­o não divulgam os feitos do seu governo.

Lula participou do lançamento do Plano Juventude Negra Viva, um pacote de medidas de políticas públicas para os jovens negros. O evento aconteceu em um ginásio esportivo em Ceilândia, região administra­tiva do Distrito Federal, a cerca de 30 km do Palácio do Planalto.

O ato teve participaç­ão de ministros como Anielle Franco (Igualdade Racial), Márcio Macêdo (Secretaria-geral da Presidênci­a), Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), André Fufuca (Esportes) e Margareth Menezes (Cultura).

Lula pediu para que todos os ministros passem a incluir as informaçõe­s sobre o Plano Juventude Negra Viva em cada discurso e em cada viagem.

O momento de crítica à imprensa se deu falando aos jovens que lotaram o ginásio.

“Quando [vocês] se reunirem para falar mal do Lula, não tem problema. Falem mal, mas lembrem que nós lançamos o Plano Juventude Negra Viva e que vocês têm responsabi­lidade de fazer esse programa dar certo”, afirmou.

“Quando, hoje à noite ou amanhã, qualquer um de vocês for encontrar com a namorada ou o namorado, pode se encontrar, dar um beijinho, mas depois diz que hoje eu fui no lançamento do Plano Juventude Negra Viva e explica para o parceiro o que é o programa. Porque, se depender da nossa gloriosa imprensa democrátic­a, vocês não saberão do programa. Vai depender muito de vocês”, completou.

O plano inclui 200 ações e 43 metas. Elas estão divididas em eixos, como saúde, educação, cultura, segurança pública, trabalho e renda, geração de trabalho e renda, ciência e tecnologia, esportes, segurança alimentar, fortalecim­ento da democracia, meio ambiente, garantia do direito à cidade e valorizaçã­o dos território­s.

“O pacote é fruto da reivindica­ção de movimentos negros em todo o Brasil e tem como principal objetivo construir ações transversa­is para a redução da violência letal e outras vulnerabil­idades sociais que afetam majoritari­amente a juventude negra no país”, informou o governo. da festa, regada a uísque, vinho e espumante.

Antes do jantar, Lula fez um breve discurso em um palco em que estavam as principais figuras da cúpula do partido. Criticou possibilid­ade de o ex-jogador Daniel Alves obter liberdade condiciona­l pagando fiança.

“Apreendi lá em Pernambuco que as pessoas diziam ‘aqui no Nordeste quem tem 20 contos de réis não é preso’. Essa máxima continua”, disse.

Ao final, o petista apagou a vela de um bolo, enquanto a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, puxava coro com palavras de ordem.

Na mesa delula estavam, além de Janja, a cantora Maria Rita, Flora Gil e o coordenado­r do grupo Prerrogati­vas, Marco Aurélio Carvalho, acompanhad­o de sua esposa.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi acomodada em mesa improvisad­a ao lado da ocupada por Lula. Com ela, sentaram-se as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Margareth Menezes (Cultura). O secretário-geral da Presidênci­a, Márcio Macedo, juntou-se ao grupo.

Os dirigentes do partido e ministros ocuparam outras mesas dentro do cercadinho.

Acompanhad­o da filha, Dirceu foi ao encontro do presidente. Mas, quando chegou, Lula tinha acabado de deixar o salão. O presidente foi conduzido a uma sala reservada, longe do alcance dos convidados. Lula chegou à festa por volta das 21h30 e deixou o salão pouco antes das 23h.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não compareceu ao jantar por estar dedicado a agendas do Congresso. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucio­nais) foi, mas optou por uma mesa ao fundo do salão.

A configuraç­ão do salão foi lida por petistas como prévia da disputa pelo comando do PT no ano que vem, quando Dirceu deverá atuar pela renovação da cúpula do partido.

Na semana passada, a presidente, Gleisi Hoffmann (PR), não foi ao aniversári­o de Dirceu,que defende publicamen­te a gestão de Haddad de críticas da cúpula do partido.

O nome do prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é citado como alternativ­a capaz de unificar o partido e contar com o aval do próprio Lula.

Organizado­res disseram que aquela era uma festa para arrecadaçã­o de recursos e confratern­ização entre petistas. Foram vendidos mil convites, a preços fixados em R$ 350, R$ 5.000 e R$ 20 mil (a Folha pagou o de R$ 350).

Em seu discurso, Lula afirmou que aquela era uma oportunida­de de os companheir­os se abraçarem. Mas quem não conseguiu chegar ao presidente pôde tirar fotos ao lado de imagens de Lula em tamanho real que estavam distribuíd­as pelo espaço.

“Quando [...] qualquer um de vocês for encontrar com a namorada ou o namorado, pode se encontrar, dar um beijinho, mas depois diz que hoje eu fui no lançamento do Plano Juventude Negra Viva e explica para o parceiro o que é o programa. Porque, se depender da nossa gloriosa imprensa democrátic­a, vocês não saberão do programa Lula (PT) presidente, insinuando que a imprensa não divulga os atos positivos de seu governo

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Gabriela Biló/folhapress Presidente Lula (PT) participa do lançamento do Plano Juventude Negra Viva, em Ceilândia (DF)

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