Folha de S.Paulo

Rios da mata atlântica têm leve melhora na água

- Jorge Abreu São Paulo

A qualidade das águas dos rios que compõem a mata atlântica teve uma melhora gradativa, de acordo com estudo produzido ao longo de 2023 pela Fundação SOS Mata Atlântica. O relatório da ONG é lançado anualmente e marca o Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22).

Segundo o levantamen­to, divulgado nesta quinta (21), nenhuma análise teve avaliação “ótima”, o melhor nível de qualidade da água, repetindo o cenário de 2022. Contudo, o índice de classifica­ção “boa” (8%) teve uma melhora, se comparado ao ano anterior (6,9%).

O índice “regular” também teve uma leve melhora. Em 2023, a qualidade regular da água esteve presente em 77% dos pontos estudados, contra 75% em 2022. A classifica­ção “ruim”, por sua vez, teve queda. Em 2023, 12,1% dos locais foram enquadrado­s na categoria, enquanto no levantamen­to anterior eram 16,3%.

A avaliação “péssima” teve aumento: 2,9% em 2023, frente a 1,9% no ano anterior.

Os dados, parte do programa Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, são resultado de 1.101 análises em 174 pontos de 129 rios e corpos d’água em 80 municípios de 16 estados da mata atlântica. O projeto tem patrocínio da marca Ypê e apoio de Nespresso e Flex Foundation.

Em relação a cada ponto de análise individual, a condição da qualidade da água melhorouem­12epioroue­m4.norestante, foi mantida a média de qualidade de 2022. Destacam-se os rios Mamanguape, na Paraíba, e o ribeirão do Curral, em Ilhabela (SP), que saíram de condição regular para boa.

No Sul, o rio do Brás, em Santa Catarina, além dos arroios Feitoria e Noque, ambos no Rio Grande do Sul, foram de média ruim para regular. Esses três corpos hídricos estavam com classifica­ção péssima no estudo anterior.

Gustavo Veronesi, porta-voz da SOS Mata Atlântica, destaca que, apesar da melhora nos índices, o quadro de alerta em relação aos rios do bioma persiste, revelando a fragilidad­e da condição ambiental de parte significat­iva dos corpos d’água monitorado­s.

“Essa pequena melhora nos mostra que há possibilid­ade dos nossos rios terem outra realidade, que não servem apenas para serem um mero receptor dos nossos dejetos. A gente precisa melhorar muito na gestão da água,

Gustavo Veronesi porta-voz da SOS Mata Atlântica

porque é o rio que nos conta tudo, se a gestão está indo bem ou não”, afirma.

Veronesi destaca a melhoria da qualidade da água do rio Tietê, na divisa de São Paulo com Guarulhos, mas pondera que ainda há muitos desafios para solucionar a questão de saneamento básico na região. Nesse trecho avalaido, a análise apontou que a qualidade da água passou de ruim para regular.

Já o rio Pinheiros segue com classifica­ção péssima nos três pontos de medição do estudo, assim como no ano anterior. Para Veronesi, o governo de São Paulo adota um “marketing positivo” em torno da despoluiçã­o que diverge dos resultados do estudo.

Em nota, a Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestru­tura e Logística) diz que o relatório produzido pela SOS

Mata Atlântica adota critérios diferentes dos utilizados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado) no número de variáveis, tipos de parâmetros e metodologi­a de cálculo —fatores que podem refletir em classifica­ções distintas de faixas de qualidade.

A Cetesb monitora a qualidade da água em quatro pontos de amostragem da bacia do rio Pinheiros e também em 17 afluentes ao longo do rio. Segundo a pasta, os dados do período de 2020 a 2023 evidenciam melhora da qualidade da água.

Também procurada pela reportagem para comentar as suas ações contra a poluição das águas, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) afirma que o programa Córrego Limpo, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, já despoluiu 161 córregos urbanos desde 2007, benefician­do mais de 3,5 milhões de pessoas na capital.

Essa pequena melhora nos mostra que há possibilid­ade dos nossos rios terem outra realidade, que não servem apenas para serem um mero receptor dos nossos dejetos

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