Nova série com Ricky Martin mostra que os ricos também choram
Clássico atemporal —e kitsch—, a novela mexicana “Os Ricos Também Choram” fez tanto sucesso no final da década de 1970 que é sempre reprisada na programação vespertina de canais ao redor do mundo. No Brasil, ganhou até uma versão brasileira feita pelo SBT em 2005 e 2006.
Ricky Martin, de 52 anos, lembrou o folhetim ao explicar o apelo de sua nova série, “Palm Royale”, que estreia na quarta-feira no Apple TV+. “Acho que as pessoas gostam de ver os mais abastados chorando, lidando com problemas, tendo suas questões”, diz. “Existe um fascínio sobre isso.”
De fato, o universo da série não pode ser frequentado por qualquer um na vida real. O principal cenário é o clube exclusivíssimo que reúne a nata da sociedade da Palm Beach, nos Estados Unidos, de 1969. Para se associar, é preciso desembolsar US$ 30 mil e ainda contar com a indicação —e passar pelo crivo social e moral— de quem já é sócio.
Pois é lá que Maxine Simmons, recém-chegada à cidade, encasqueta de entrar. A primeira vez que vemos a personagem, interpretada por Kristen Wiig, de 50 anos, é pulando o muro do lugar e tentando se misturar com as habituées. Lógico que as ricaças estranham aquela presença inédita, mas Maxine, que é um tanto trambiqueira e vai se enrolando cada vez mais nas mentiras que conta aqui e ali, sempre dobra a aposta.
“As personagens [da série] são tão extraordinárias que você não consegue simplesmente sentar e assistir sem se abalar”, diz a atriz. “É intrigante porque parece que vivem numa bolha e não prestam atenção em nada mais do que está acontecendo. Tem algo de muito sedutor em visitar um mundo que não é o seu.”
Ela afirma que um dos pontos fortes da série é a mistura de “assuntos profundos” com “um jeito engraçado” de contar. “Estamos em 1969 e não dá para desenvolver a história sem tocar em alguns acontecimentos políticos que estão ocorrendo, nos direitos das mulheres, na guerra [do Vietnã]”, enumera. “É uma história completa, que foi criada em um mundo muito interessante para nossos personagens habitarem.”
O criador Abe Sylvia, que se inspirou livremente no livro “Mr. and Mrs. American Pie”, obra da americana Juliet Mcdaniel lançada em 2018, avalia que a série trata de identidade e pertencimento. “Todos nós tentamos entender quem somos neste mundo em constante mudança, esse é um desafio universal que cada um de nós enfrenta”, afirma.
“Nesse sentido, acho que Maxine gera muita identificação. Ela só está tentando entender seu lugar nesse universo absurdo e superficial”, diz.
Kristen Wiig foi a primeira opção para interpretar a personagem, segundo a produtora executiva Katie O’connell Marsh. De acordo com ela, a atriz demonstra a vulnerabilidade necessária para que o público torça por uma alpinista social. “Maxine é incrivelmente otimista, acredita no amor e sempre tenta dar um jeito nas coisas. A personagem tem um tom tão positivo que é meio infeccioso, e Kristen adicionou muitas camadas”, elogia.
Além dela e de Ricky Martin, que vive o garçom Robert Diaz, o elenco tem nomes como Carol Burnett, Allison Janney, Bruce Dern e Josh Lucas. Laura Dern, vencedora do Oscar, dá vida à hippie Linda, que tenta incutir noções de feminismo na amiga Maxine —uma causa quase perdida.
Dern também é produtora executiva da série, assim como Wiig, e, segundo Abe Sylvia, ajudou a conseguir os nomes que eles queriam em cada papel. “Quando contamos quem era a nossa Maxine dos sonhos, ela disse que sempre quis trabalhar com Kristen, passou a mão no telefone e fez acontecer”, conta.