‘Saturday Night Live’ apostou em ‘shorts’ antes de a rede social existir
Um apresentador famoso, esquetes com sátiras de acontecimentos recentes ou piadas perenes sobre situações do dia a dia, uns números musicais.
Não há nada genial nem inédito na fórmula do humorístico “Saturday Night Live”, desde fevereiro transmitido ao vivo no Brasil pela Universal+. Afinal, quantos programas já não apostaram em combinações desses elementos?
Mas quais deles duraram 50 temporadas e produziram tamanha lavra de momentos icônicos a ponto de se tornarem um cânone da cultura local e ainda ser referência para parte do mundo ?
Pois em outubro próximo, quando um artista convidado ou um dos membros do elenco fixo gritar a famosa frase “ao vivo, de Nova York, é sábado à noite, ao vivo”, o “SNL” (como o programa foi apelidado) estreará sua 50ª temporada, com 967 episódios na bagagem. Dando tudo certo, em algum momento de 2026, o grito irá ao ar pela milésima vez.
Das muitas marcas superlativas do programa, como 89 prêmios Emmy, a mais impressionante cabe a Lorne Michaels. O sujeito pariu a ideia em 1975, assina 85% dos episódios como produtor-executivo e 88% como roteirista.
É Michaels a presença perene em um programa que se reinventa sucessivamente, inclusive trocando de elenco e de roteiristas. A fórmula simples se renova assim pelas cabeças por trás das piadas e por aqueles que dão cara a elas, além do acompanhamento intenso das notícias e de tendências de comportamento.
É raro encontrar um humorista célebre nos Estados Unidos que não tenha passado pelos bancos do programa — Chevy Chase, Tina Fey, Eddie Murphy, Kristen Wiig, Bill Murray, Amy Poehler, Mike Mayers, Dana Carvey, Maya Rudolph, Bill Hader, Kenan Thompson, Bowen Yang (se não o conhece, busque pelos esquetes dele).
E quando há um —Jerry Seinfeld, por exemplo—, pode apostar que já apresentou um ou mais episódios.
Como todo programa de TV, o “SNL” tem perdido audiência, o que torna curiosa a decisão da Universal de exibi-lo ao vivo aqui, via assinatura no Prime Video ou da Claro TV+.
O elenco atual vai bem, a tendência recente é de crescimento de público, ainda assim nada que se compare a antes.
Se não pelas vias tradicionais, entretanto, pelos esquetes que viralizam online a influência persiste.
Bom exemplo é o que abriu o programa do dia 9, o mais recente, quando Scarlett Johansson recriou o discurso da senadora Katie Britt, incumbida por seu partido da tradicional “resposta” republicana ao pronunciamento sobre o estado da União feito pelo presidente americano, Joe Biden.
O quadro era tão engraçado, e tão desesperadoramente fiel ao original, que virou notícia país e mundo afora. Quase tão bom como quando Dana Carvey encarnava Bush pai, na melhor imitação de um presidente que o programa exibiu.
Hm. Será que o segredo é esse, o “SNL” estava produzindo “shorts” e “cortes” muito antes de as redes sociais com vídeo nos reduzirem a isso?