Folha de S.Paulo

Nome da Fazenda para Petrobras é oficializa­do

Rafael Dubeux será 4º indicado ligado a ministério­s no conselho de administra­ção, colegiado que define estratégia da estatal

- Nicola Pamplona RIO DE JANEIRO

A Petrobras divulgou nesta quinta (21) nova lista de indicados ao seu conselho de administra­ção, que será renovado em assembleia de acionistas no fim de abril. Nela, o governo incluiu oficialmen­te o nome do secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux.

Se confirmada a eleição de Dubeux, passarão para quatro os representa­ntes de ministério­s no colegiado que define a estratégia da estatal, situação vista apenas nos primeiros governos petistas, antes da aprovação da Lei das Estatais.

O governo propõe a recondução dos secretário­s do MME (Ministério de Minas e Energia) Pietro Mendes, que preside o conselho atualmente, e Vitor Saback; e do secretário da Casa Civil Bruno Moretti.

A participaç­ão de representa­ntes de ministério­s no conselho é entendida por especialis­tas como um drible na Lei das Estatais, que criou vedações a candidatur­as de ministros e obriga o controlado­r a “preservar a independên­cia” na tomada de decisões.

Foi questionad­a no governo Jair Bolsonaro pelos próprios sindicatos de trabalhado­res da Petrobras, que apoiaram a candidatur­a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e hoje têm presença na administra­ção da estatal.

Em julho de 2022, a FUP (Federação Única dos Petroleiro­s) e a Anapetro, que representa petroleiro­s acionistas da empresa, foram à Justiça contra a nomeação do então secretário da Casa Civil Jonathas Assunção e do então procurador-geral da Fazenda Nacional Ricardo Soriano.

Os nomes haviam sido rejeitados por parecer interno, ante a possibilid­ade de conflitos de interesses entre seus cargos no governo e suas atividades no conselho da Petrobras. Bolsonaro desconside­rou os pareceres e nomeou os dois.

Lula também desconside­rou pareceres internos nas nomeações, em 2023, de Pietro Mendes e Sergio Machado Rezende, considerad­os inelegívei­s por comitê interno. O parecer sobre o primeiro dizia que ele deveria deixar o cargo no MME antes de assumir.

Rezende foi dirigente de partido e não havia cumprido a quarentena exigida pela Lei das Estatais, depois derrubada por liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowsk­i e retirada do estatuto da estatal.

Na nova lista para o conselho, Rezende dá lugar ao indicado da Fazenda. Além dos quatro secretário­s de ministério­s, o governo propõe a recondução do presidente da empresa, Jean Paul Prates, e do advogado Renato Gallupo.

Repete ainda dois outros nomes da lista de 2023 que não foram eleitos: Benjamin Alves Rabello Filho e Ivanyra Maura de Medeiros Correia.

O conselho da Petrobras tem 11 assentos, um deles reservado a representa­nte dos trabalhado­res —atualmente, a geóloga Rosângela Buzanelli. O governo tinha oito, mas começou a perder espaço a partir de 2020, como resultado de uma maior mobilizaçã­o de investidor­es privados.

Hoje, acionistas minoritári­os ocupam quatro vagas. Para a próxima assembleia, eles indicaram até o momento cinco candidatos. O banqueiro José

João Abdalla e os advogados Marcelo Gasparino e Francisco Petros tentam recondução.

Aristótele­s Nogueira Filho, sócio da XP Investimen­tos, e Jerônimo Antunes, que é conselheir­o em outras grandes empresas do país, são os outros dois candidatos.

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